Suspeita de dinheiro sujo

157

Justiça da Suíça bloqueia contas suspeitas de terem recebido recursos do chamado Mensalão do DEM. Parte do dinheiro seria controlado por empresário do ramo de informática do DF

A cooperação internacional com países que mantêm acordos com o Brasil pode ajudar a desvendar o destino de recursos que teriam sido desviados no esquema conhecido como Mensalão do DEM. O Ministério Público Federal apura a remessa de parte do dinheiro para o exterior. Reportagem publicada na edição ontem do Estado de São Paulo, informa que pelo menos
US$ 6,8 milhões — correspondentes a R$ 16 milhões — teriam sido depositados em contas secretas em Genebra e em Zurique, dinheiro recentemente bloqueado pela Justiça suíça.

Segundo o jornal, as contas teriam sido bloqueadas há quase um ano e, desde então, os responsáveis já recorreram da decisão para tentar movimentar os recursos por pelo menos duas vezes. O escândalo estourou em 2009, depois que o então secretário de Assuntos Institucionais, Durval Barbosa, delatou o esquema de corrupção. Segundo ele, empresários pagariam propina para ter contratos com o governo, recursos que seriam repassados a políticos.
A Procuradoria-Geral da República, que denunciou 37 pessoas supostamente envolvidas no esquema, entre os quais o ex-governador José Roberto Arruda, pediu a colaboração das autoridades suíças depois de encontrar indícios de lavagem de dinheiro e da remessa ilegal de recursos para a Europa.

Um documento da Justiça suíça cita a acusação contra 37 pessoas, suspeitas de envolvimento no esquema de desvio e nos atos de corrupção, e menciona o envolvimento de um “ex-governador do Distrito Federal suspeito de ser o responsável pela organização criminal ativa em atos de corrupção visados pelo procedimento estrangeiro”. O Ministério Público da Suíça identificou, ainda segundo a reportagem do Estado de São Paulo, sete contas controladas por um empresário do setor de informática citado apenas pela letra “H”. Ele teria conseguido contratos com o GDF no valor de R$ 9,8 milhões, em 2006.

O desembargador aposentado Edson Smaniotto, advogado que representa José Roberto Arruda (PR), informou que o ex-governador não tem nenhum conhecimento sobre a suposta remessa de recursos para o exterior. “Essa informação circula desde 2009, mas nunca houve comprovação, tanto que isso não consta de nenhum processo. Devem ter retomado o assunto por causa da proximidade com as eleições”, afirma.