A economia segundo os presidenciáveis

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Entrou na agenda de pré-campanha o tema crucial da economia. Os possíveis postulantes à disputa presidencial – e seus aliados – trataram de colocar o assunto na ordem do dia

Autor(es): Carlos José Marques

Entrou na agenda de pré-campanha o tema crucial da economia. Os possíveis postulantes à disputa presidencial – e seus aliados – trataram de colocar o assunto na ordem do dia. Após anúncio do casamento político, Eduardo Campos e Marina Silva resolveram ocupar os holofotes na semana passada para divulgar o que chamaram de “documento programático”. Foram genéricos nas teses e confusos nas propostas. Defenderam a continuidade das conquistas sociais dos governos Dilma/Lula nos quase 12 anos de gestão petista e criticaram a alocação “casuística” de recursos.

Reclamaram do descontrole inflacionário e do atual risco à estabilidade. Lula, tomando as dores da apadrinhada Dilma, rebateu. Disse que Marina recebeu lições erradas na economia. “Tínhamos uma inflação de 12% ao ano quando cheguei e temos uma inflação hoje de 5,8% no governo Dilma”, apontou. A crítica aos erros, o empurra-empurra de responsabilidades e o discurso fácil das promessas que não saem do papel sempre empobreceram o debate. E nessa prévia da temporada de confrontos os mesmos cacoetes parecem ter voltado. Superar esse estágio e partir para uma plataforma de ações concretas vem se mostrando um desafio e tanto para os adversários.

O tucano Aécio Neves, tratando de colocar os pingos nos “is”, foi mais específico sobre suas intenções. Afirmou ser contra mandato no Banco Central. Para evitar acusações infundadas de que, caso vença, vá acabar com o “Bolsa Família”, prontificou-se a lutar por uma mudança na lei, tornando definitivo o programa de transferência de renda. Aécio ainda está alinhavando a sua plataforma de campanha, mas garante que até dezembro próximo lançará uma prévia de seu plano de governo. Dilma, que tem as armas na mão e o controle da máquina, já mudou de postura com o objetivo de angariar mais simpatizantes em feudos eleitorais.

Iniciou nos últimos dias uma cruzada de negociações e acelerou o anúncio de verbas para Estados e municípios. Mesmo São Paulo, tradicional reduto da oposição, foi contemplado com uma robusta fatia do Orçamento. No total, quase R$ 35 bilhões foram repassados pelo Planalto, especialmente para obras de mobilidade urbana. O perigoso jogo de manobras eleitoreiras tenta maquiar problemas estruturais e destacar virtudes que não se sustentam no longo prazo. Para o bem do Brasil e de sua economia, é fundamental que o debate evolua para as alternativas de reformas mais profundas, reclamadas há décadas pelos cidadãos em geral.