PMDB reage contra veto do Planalto

175

Autor(es): João Domingos

O PMDB começou ontem a retaliar o Palácio do Planalto por sua decisão, anunciada na véspera, de vetar a aprovação do pagamento obrigatório de emendas parlamentares em 2014, o chamado Orçamento impositivo.

Principal defensor da proposta, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), autorizou a criação de uma comissão especial destinada a debater a proposta de emenda constitucional (PEC) que altera o rito de demarcação de terras indígenas. Momentos antes, ele tratou do assunto com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que deixou claro que o governo é contrário à proposta.

Também ontem Henrique Alves anunciou que faria andar outra PEC que aumenta os repasses do governo federal para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O governo é contrário à liberação de mais dinheiro para os municípios, sob o argumento de que tal iniciativa

vai solapar os recursos da União. “Não dá para aumentar o FPM”, respondeu o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Preocupados com possíveis efeitos da crise na relação nacional entre PT e PMDB, o vice-presidente da República, Michel Temer, e a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, decidiram que irão se reunir ainda nesta semana.

Isso porque uma terceira ideia de retaliação por parte dos peemedebistas é não votar o Orçamento da União para o ano que vem. Temer chegou a marcar uma reunião com os líderes , partidários para tentar acalmar os ânimos na Câmara. Mas a decisão dele vazou. Como a presidente Dilma Rousseff estava fora de Brasília, o vice preferiu cancelar o encontro. Ele entendeu que não poderia fazer a reunião sem que a presidente soubesse de antemão.

A movimentação de Alves, apoiada pela bancada peemede-bista da Câmara, ocorreu porque os aliados se sentiram diretamente atingidos pelo anúncio do veto ao Orçamento impositivo feito na segunda-feira por Ideli e pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Elas informaram que o governo vetará a determinação contida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de obrigatoriedade no pagamento das emendas.

O problema é que o PMDB considera que, sem as emendas para abastecerem suas bases eleitorais municipais, ficará em desvantagem em relação ao PT na eleição para a Câmara de Deputados no ano que vem. “Sem a garantia de nossas emendas podemos levar um banho na eleição, porque o PT só tem ministérios bons. Seus candidatos poderão se apresentar nos municípios como autores das emendas dos ministérios que comandam e nós não”, disse o deputado Lúcio Vieira Lima, vice-líder do PMDB.

Alves também criticou a atitude do governo. Ele viu no anúncio uma tentativa de impedir que ele tente a reeleição ao cargo em 2015. “Não há razão para esse veto, que vai frustrar e tensionar toda a Câmara dos Deputados.” Para Alves, o Orçamento impositivo é uma bandeira da Casa e não dá para o Congresso viver à espera da liberação das emendas dos parlamentares, por parte do governo, como se fosse um favor, como ocorre hoje. / Colaborou Daiene Cardoso

Pode, não pode

“Não dá para aumentar o Fundo de Participação”

Arlindo Chinaglia
Líder do governo (PT-SP)

“Não há razão para esse veto (ao aumento) que vai frustrar e tensionar toda a Câmara dos Deputados”

Henrique Alves
Presidente da Câmara (PMDB-RN)

“Sem a garantia de nossas emendas podemos levar um banho na eleição, porque o PT só tem ministérios bons”

Lúcio Vieira Lima
Vice-líder do PMDB