BC eleva projeção de déficit em conta corrente para US$ 80 bilhões

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O Banco Central (BC) apresentou a primeira revisão de suas projeções para o balanço de pagamentos em 2014. O déficit em conta corrente deve ficar em US$ 80 bilhões, avançando dos US$ 78 bilhões estimados até agora. Essas projeções são revisadas a cada três meses. Em 2013, o déficit foi de US$ 81,374 bilhões.

Como em 2013, o déficit em conta corrente – que mostra o resultado das transações do país com o resto do mundo – não será financiado integralmente pelo ingresso de investimento estrangeiro direto (IED), que está estimado em US$ 63 bilhões. A previsão, nesse caso, é a mesma feita ao fim do ano passado.

Em proporção do Produto Interno Bruto (PIB), o déficit deve ficar em 3,60%, contra 3,53% estimados anteriormente. Já o ingresso de investimento estrangeiro direto deve representar 2,84% do PIB, contra 2,85% previstos em dezembro.

O BC também acredita que a balança comercial terá um desempenho pior que o estimado no fim do ano passado, prevendo agora superávit de US$ 8 bilhões, e não mais de US$ 10 bilhões.

Para as remessas de lucros e dividendos, a saída esperada no ano foi mantida em US$ 27 bilhões. Para os gastos líquidos de brasileiros no exterior, o BC estima US$ 18,5 bilhões, contra US$ 19 bilhões anteriormente. A autoridade monetária acredita em uma moderação no ritmo de crescimento desses gastos como reflexo, principalmente, do dólar mais caro.

Dados

Ao apresentar os dados, Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC (Depec), sempre que perguntado sobre a solvência externa do país, apontou que o quadro não é de preocupação com as contas externas, pois a condição de financiamento é confortável. Além do IED seguir financiando cerca de 80% do déficit, a conta de capital registra ingressos firmes para o mercado de renda fixa. E as empresas mostram facilidade de levantar empréstimos de médio e longo prazos, algo refletido pela taxa de rolagem total de 140% ao longo do primeiro bimestre. “São indicadores que dão conforto em termos de financiamento das transações correntes”, disse.

Para Maciel, há solidez nas contas externas. O país acumulou reservas e seu passivo externo é composto majoritariamente por investimentos. “Isso tudo coloca o país em termos de vulnerabilidade externa em uma situação muito mais sólida que há dez anos”, concluiu.

Gastos

Sobre a conta de viagens, Maciel disse que a dinâmica mudou e isso é reflexo do comportamento do dólar. O ritmo de crescimento interanual dessa conta chegou a superar 20% no ano passado e agora em fevereiro foi vista leve alta, de 7%. 

Maciel lembrou que em fevereiro do ano passado o dólar médio ficou ao redor de R$ 1,97 e neste ano o valor da moeda americana ficou em R$ 2,38. Ele lembrou que além da moeda, o comportamento do emprego e da renda, que seguem em alta, também influencia o comportamento dessa item do balanço de pagamentos.