Reajustes salariais melhoraram em 2014

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As categorias profissionais com data-base no primeiro semestre conseguiram melhores reajustes salariais em comparação ao mesmo período do ano passado. Levantamento nacional feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revela que 93,2% das 340 categorias analisadas obtiveram aumentos de salários no período superiores à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

O aumento médio, descontada a inflação, foi de 1,54%. No primeiro semestre do ano passado, os resultados tinham sido piores: 83,5% das 340 categorias profissionais analisadas conseguiram aumento médio real de 1,08%.

O resultado do primeiro semestre é o segundo melhor em número de categorias que conseguiram aumento real de salário desde o início da pesquisa iniciada em 2008, perdendo apenas para o primeiro semestre de 2012, quando 95,6% das categorias obtiveram aumento real. Quando se avalia o porcentual médio de reajuste real dos salários, o resultado deste ano é o terceiro melhor da série, atrás de 2012 (2,15%) e de 2010 (1,57%).

“O enfraquecimento da economia, por conta do baixo crescimento do PIB projetado abaixo de 1%, não teve impactos nos reajustes”, afirma o coordenador de atendimento sindical do Dieese, Airton Santos.

Desemprego. Dois fatores, diz Santos, levaram a esse resultado favorável, apesar do cenário econômico desfavorável. O primeiro fator é que o nível de desemprego está baixo. “Não existe um quadro de desemprego desenhado e definido: o fluxo de geração de postos de trabalho do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) é menor, mas continua positivo.”

Além disso, Santos ressalta que a expectativa de explosão da inflação não se concretizou. “Com a inflação menor, fica mais fácil negociar reajuste real de salário maior”, diz. Em julho, a inflação medida pelo índice oficial, o IPCA, foi de 0,01%. Mas em 12 meses até julho, a alta acumulada é de 6,53%, acima do teto da meta estabelecida pelo governo, que é 6,5%.

Perspectivas. Metalúrgicos, bancários e comerciários são exemplos de categorias fortes que têm data-base no segundo semestre. Na opinião do coordenador do Dieese, a perspectiva é que não haja um retrocesso nas negociações salariais nos próximos meses. “Quando o primeiro semestre é favorável para as negociações salariais, a tendência é que se mantenha no segundo semestre”, diz.

Outro ponto a favor, segundo Santos, para que esse nível de reajuste seja mantido é que normalmente o ritmo da atividade econômica se acelera a partir da segunda metade do ano. Ele também lembra que a perspectiva é que a inflação desacelere nos próximos meses, fechando o ano abaixo de 6,5%. “A relação entre o baixo crescimento da economia e seus efeitos sobre o mercado de trabalho deve se cristalizar mais para a frente”, prevê.

Setores. O comércio foi o setor com melhor desempenho nos reajustes salariais no primeiro semestre: 95,7% das negociações tiveram reajuste real médio de 1,57%. Na sequência veio a indústria, com aumento médio real de salários de 1,55% para 92,9% das negociações fechadas. Por último está o setor de serviços, com os trabalhadores obtendo aumento real de 1,5% em 92,8% dos acordos.