Fluxo de dinheiro de fora para aumentar a produção do país despenca

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No ano passado, o real perdeu quase metade do valor em relação ao dólar em consequência da aguda crise de desconfiança que mergulhou o país em uma depressão econômica. Muita gente, principalmente do governo, argumentou que uma vantagem desse quadro, a compensar parcialmente nossas agruras, seria a atração de investimentos estrangeiros para o país. Haveria uma corrida para comprar companhias brasileiras ou iniciar operações aqui a partir do zero. Tudo pela metade do preço do fim de 2014. Não é o que se viu. E, segundo especialistas, não se verá tão cedo.

O Investimento Direto no País (IDP) despencou 23% no ano passado, segundo dados apresentados na semana passada pelo Banco Central (BC). De acordo com os novos critérios da instituição, o volume total passou de US$ 96,9 bilhões para US$ 75,1 bilhões, uma queda de 23%. Ainda é um dos maiores do mundo. Mas está em queda. O próprio BC espera não mais de US$ 60 bilhões em 2016. Considerados os péssimos fundamentos da nossa economia, analistas acham que o número pode ser bem pior.

“Não adianta os brasileiros acharem que, porque os ativos ficaram mais baratos, os investidores estrangeiros vão comprá-los. A concorrência aumentou. Outros países que também tiveram desvalorização de suas moedas estão muito mais atraentes do que o Brasil hoje”, afirma Heinz Ruettimann, estrategista em mercados emergentes do banco Julius Baer, em Zurique, Suíça.