Governo afina discurso

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Autor(es): VERA BATISTA

Em meio à desconfiança geral sobre as contas públicas, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afinam o discurso que vão apresentar no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, entre 22 e 25 de janeiro. A chefe do Executivo — que, pela primeira vez, vai ao evento — se prepara para anunciar boas notícias, na tentativa de convencer os donos do dinheiro a retomarem os investimentos no Brasil. De todas as incumbências que teve desde que chegou ao Palácio do Planalto, em 2011, essa está entre as mais difíceis, segundo os analistas de mercado.

“Acho que o convencimento pleno dos investidores internacionais só vai ser efetivo quanto a presidente tomar medidas sérias na área fiscal. De outro modo, não haverá compromisso. Será apenas uma carta de intenções”, avaliou Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners. O mais sensato, diante da atual conjuntura de desconfiança, no entender de Alex Agostini, economista da Austin Rating, é uma política de aperto fiscal que contemple alta de impostos, restruturação do crédito — para investimentos e não para o consumo — e retirada de desoneração tributária de alguns setores.

“É isso que o mercado gostaria, mas não o que espera que vá acontecer. A suspeita é de que o discurso brasileiro se atenha às concessões, que potencialmente vão render alguns bilhões nos próximos oito anos, sem evidenciar garantias. Vai deixar a desejar”, reforçou Agostini. Após as duas reuniões consecutivas com Dilma — ontem e anteontem —, Mantega entra de férias e só a reencontra em Davos.