Moody’s: Economia brasileira está melhorando, mas retomada será árdua

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As perspectivas econômicas do Brasil estão melhorando depois de uma profunda recessão, mas a recuperação será árdua e qualquer melhoria na qualidade de crédito vai levar tempo para se desenvolver, na opinião da agência de classificação de risco Moody’s. A agência espera que a economia brasileira cresça 0,5% no próximo ano, após uma contração de 3,5% em 2016. A recuperação será puxada principalmente por investimentos, seguindo o aumento da confiança e a necessidade das empresas de aumentar a produção para repor estoques esgotados. A conclusão do processo de impeachment presidencial também permitiu que a administração de Michel Temer persiga políticas de inflação críveis, bem como medidas para reforçar a disciplina fiscal, diz a Moody’s. As medidas propostas são vitais para aliviar as preocupações dos investidores e manter os fluxos de capital, bem como para aumentar a confiança, acrescenta a agência. “As condições de estabilização da economia vão ajudar a conter o estresse financeiro para as companhias brasileiras, e suportar melhoras modestas na performance das empresas”, afirma Gersan Zurita, vice­presidente sênior da Moody’s. “No entanto, condições de liquidez apertadas, altas taxas de juros e o desemprego continuarão a pesar na economia até pelo menos o fim de 2017.” A agência de classificação de risco afirma ainda que a utilização da capacidade instalada estabilizou, mas ainda permanece nas mínimas históricas, e a contribuição dos setores exportadores brasileiros para a recuperação econômica dependerá muito dos desdobramentos da taxa de câmbio. Diante desse cenário, os bancos manterão a aversão ao risco, segundo a Moody’s. No entanto, na análise da agência, se a confiança melhorar, algumas instituições financeiras terão flexibilidade para aumentar mais rapidamente suas carteiras de empréstimos. Uma recuperação econômica gradual não apenas favorecerá um aumento da demanda por crédito, mas também tende a acelerar uma melhora na qualidade dos ativos. PEC dos gastos As perspectivas para aprovação do Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece um teto para o gasto público ainda são obscuras, afirmou nesta terça­feira Susan Knapp, Managing diretor da Moody’s América Latina. ”Elas dependem de aprovação do Congresso, o que está longe de representar uma certeza”, disse Susan na 18ª Conferencia Anual da Moody’s, em São Paulo. Susan citou a corrupção na América Latina como um elemento com impacto significativo em países como o Brasil contribuindo com desaceleração em diversas áreas como a de financiamento de projetos no Brasil. Para ela, a finalização processo de impeachment ajudou reduzir incerteza politica e, espera­se, ajude a suportar uma melhora econômica e de perspectiva de crédito. “Houve avanços importantes no Brasil, mas ainda há muito a ser feito para o crescimento ser recuperado”.

Com relação à América Latina, Susan afirmou que não vê como factível “crescimento acima da tendência verificada nos últimos anos”, com grandes desafios por vir, como as preocupações com as tendências para os preços das commodities, crescimento econômico e taxa de juros mais baixas por um período prolongado. “São muitos dos fatores que continuarão afetando o cenário creditício da América Latina”.