Rombo recorde de US$ 40 bilhões nas contas externas extrapola estimativas

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O fraco crescimento da economia não impediu que o Brasil registrasse, em maio, o maior rombo da história nas contas externas. O buraco, informou o Banco Central, chegou a US$ 6,6 bilhões, resultado que superou todas as estimativas do mercado e da própria autoridade monetária. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o deficit totalizou US$ 40 bilhões — também recorde para o período. Como não recebeu investimento estrangeiro direto (IED) suficiente para cobri-lo — a entrada de recursos somou US$ 25 bilhões —, o país foi obrigado a recorrer a capitais de curto prazo, especulativo, que vêm atrás dos juros altos e para a bolsa de valores, mas podem sair a qualquer momento se algum sinal de insegurança surgir no horizonte.

Apesar da piora dos números, o BC manteve a projeção de rombo para este ano em US$ 80 bilhões. A instituição está apostando justamente no baixo ritmo da atividade para conter as importações e os gastos com serviços no exterior. “Como a produção interna já não é suficiente para atender a demanda das famílias, um crescimento econômico mais forte implicaria, justamente, maior necessidade de importação de produtos e de serviços, ampliando o deficit externo”, explicou Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro Nacional e atual economista-chefe do Banco J. Safra.

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Socorro
A dependência do Brasil por capital externo agravou-se durante o governo Dilma Rousseff. Em 2010, último ano da era Lula, o buraco nas transações correntes foi de US$ 47,2 bilhões. De lá para cá, o rombo só se aprofundou, atingindo, em 2013, US$ 81,3 bilhões. Naquele ano, o quadro foi tão grave, que faltou dinheiro para fechar o balanço de pagamentos do país com o exterior. O BC teve que vender parte das reservas internacionais, de modo a zerar o deficit, que nos 12 meses terminados em maio último bateu em 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Não por acaso, o Federal Reserve (Fed), o BC dos Estados Unidos, classifica o Brasil um dos cinco países mais frágeis do mundo, com Turquia, Índia, Indonésia e África do Sul.

Para Flávio Serrano, economista-sênior do Espirito Santo Investment Bank, a maior dependência por poupança externa reflete anos de políticas econômicas que privilegiaram o consumo sem a devida contrapartida dos investimentos e da produção interna. “O deficit em conta-corrente só acontece quando um país consome mais do que suas empresas têm condição de suprir”, disse. “Ao longo do tempo, um país que tenha deficits crescentes, como é o caso do Brasil, certamente enfrentará problemas”, emendou.