Antes de recesso, rombo de R$ 139 bi para 2017 só deve ser votado na Comissão Mista de Orçamento

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O presidente interino Michel Temer quebrou o descanso deste sábado para se reunir com o senador Wellington Fagundes (PR-MT), relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2017, que terá nova meta fiscal de um déficit de R$ 139 bilhões. Na conversa, Temer pediu que a nova meta, dentro da LDO, seja aprovada pelo menos na Comissão Mista de Orçamento (CMO) na próxima semana, antes do recesso. Segundo o senador, Temer disse que essa aprovação é importante para dar uma sinalização ao mercado.

O Palácio do Planalto queria a aprovação da LDO pelo plenário do Congresso, mas sabe que isso não ocorrerá por causa do clima de guerra na Câmara pelo comando da Casa. Temer estava descontraído e telefonou pela manhã ao senador, chamando-o para uma conversa no Palácio do Jaburu, que durou mais de duas horas. No encontro, Temer estava informal e aceitou posar para uma foto ao lado do senador em estilo casual. O presidente interino estava de camiseta.

O senador vai incorporar em seu parecer a nova meta fiscal para 2017 anunciada na última quinta-feira pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mas ele alertou para o fato de que o rombo pode ser maior, caso o governo não consiga o esforço extra na arrecadação de R$ 55 bilhões.

— A gente deve votar pelo menos na Comissão Mista de Orçamento a LDO, com as regras do Orçamento de 2017. A preocupação do presidente é em dar uma sinalização para o mercado sobre a meta — disse o senador ao GLOBO.

Temer, segundo relatos, admitiu que a Câmara estará envolvida com a sucessão do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no comando da Casa. O parlamentar renunciou ao cargo na quinta-feira. Apesar de o Palácio do Planalto estar trabalhando nos bastidores, Temer disse ao senador que não iria se envolver na disputa na Câmara. A base de Temer está rachada, com vários candidatos.

O senador Wellington Fagundes disse ao GLOBO que acertou com Temer que colocará na LDO uma cláusula para que qualquer aumento de arrecadação seja direcionado para investimentos e não para aumento de despesas.

Ele disse ainda que a meta fiscal de um déficit de R$ 139 bilhões só será alcançada com a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que cria um limite para os gastos públicos.

— Para atingir um déficit de R$ 139 bilhões, o governo terá que encontrar R$ 55 bilhões em receitas. Mas não são receitas certas ainda — disse.

A oposição tem dito que o rombo real é de R$ 194 bilhões, porque esses R$ 55 bilhões são uma projeção.