Em 2035, Brasil ainda deve se limitar a exportação de commodity, diz estudo

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O Brasil continuará sendo um país exportador de commodities daqui a 19 anos se não fizer ajustes macroeconômicos e reformas estruturais, alerta o Projeto Brasil 2035.

As conclusões iniciais do trabalho também indicam que, se o País não investir em educação de qualidade agora, não terá uma mão de obra capaz de gerar a riqueza necessária para bancar o envelhecimento da população a partir do ano de 2035.

O projeto é uma parceria do Sindicato Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor) com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Centro de Altos Estudos Brasil Século 21.

O estudo ainda está andamento, porém o presidente da Assecor, Márcio Gimene, adianta que, em sua avaliação, um dos desafios mais urgentes do Brasil é não ficar refém dos preços internacionais de commodities.

Isso implica, por sua vez, em diversificar a pauta de exportação e elevar os conteúdos tecnológicos da produção nacional, sem, no entanto, deixar de ganhar escala no mercado interno.

“Muito se escuta que para ganhar competitividade precisamos investir em ciência e tecnologia. Eu concordo. Mas isso, por si só, é um discurso vazio. Pois o ambiente macroeconômico precisa estimular a produção, precisa incentivar os empreendedores a investir nas áreas produtivas da economia. Deixar dinheiro parado no sistema financeiro não pode ser mais atrativo do que empreender se quisermos ganhar competitividade”, considerada Gimene.

Ajustes macro

Para o presidente da Assecor, criar um ambiente mais propício envolve reforma tributária, estabilidade cambial e taxa básica de juros (Selic) em patamares mais baixos do os que foram e praticados historicamente no Brasil.

Para diminuir os juros, seria necessário reduzir a inflação, o que, para Gimene, pode ser resolvido estimulando maior concorrência na economia. “Um dos problemas da inflação no Brasil é a prevalência de cartéis e conglomerados que concentram a capacidade de formação de preços. Portanto, se você abre o mercado para outros concorrentes, você ganha espaço para reduzir preços. Isso pode ser fomentado pelo setor público”, avalia.

Reduzir a tributação sobre o consumo e a produção, compensando com taxação progressiva de renda e de patrimônio também pode encorajar a economia real, opina Gimene. Para ele, uma reforma tributária deveria ser feita nesses termos.

“Se você consegue produzir com um custo menor, pode aliviar os preços, abrindo espaço também para baixar o patamar dos juros”, ressalta.

“Outro ajuste é buscar a estabilidade do câmbio em um patamar competitivo para a indústria, algo como está hoje [R$ 3,53]”, complementa.

Demografia

Educação de qualidade é mais um desafio urgente para o Projeto Brasil 2035. “Precisamos dar um salto de qualidade na educação o quanto antes, principalmente na educação básica, para que tenhamos cidadãos mais conscientes e socialmente responsáveis, como também mais produtivos no trabalho”, analisa.

“Se isso não ocorrer, teremos, nas próximas décadas, uma sociedade em idade ativa incapaz de gerar riquezas suficientes para sustentar aqueles que já terão concluído o seu ciclo de vida produtivo”, diz.

Para Gimene, elevar a qualidade de mão de obra é central para a solução do aumento da expectativa de vida no País. “Se você tem economia dinâmica, se consegue perfeitamente conciliar o sistema de previdência com o aumento da expectativa de vida”, finaliza.

O Projeto Brasil 2035 está no começo e a parceria conta também com o Projeto Brasil 2100. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) estimam que, em 2035, o Brasil terá 233 milhões de habitantes, 26 milhões a mais do que hoje. Já em 2100, a população deve ir a 200 milhões.

Fonte: DCI