Servidores públicos ameaçam greve geral no próximo ano

275

Qualquer mudança nas datas previstas para o início do pagamento dos reajustes salariais dos servidores públicos federais (estabelecido para agosto de 2016) vai desencadear uma onda de paralisações que poderá ser ainda mais forte que a registrada em 2012, quando ocorreu a maior greve da história do funcionalismo. Os boatos de que a equipe econômica pretende adiar para dezembro o repasse do recursos aos contracheques – para reduzir os gastos e cumprir a meta de superávit primário de 0,7% do PIB -, pegou todos de surpresa e desagradou tanto as carreiras da base quanto aos servidores de elite.

“O governo já está acostumado a rasgar acordos assinados, seja em relação à reestruturação das carreiras ou à valorização dos trabalhadores. Mas, dessa vez, o ato é inédito e muito pior que os anteriores. Caso os boatos de postergação da data se concretizem, teremos instrumentos consistentes para uma grande greve, nos mesmos moldes da que aconteceu em 2012”, conta Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que representa 80% do funcionalismo. O acordo com a Condsef é dividido em dois anos (2016 e 2017).

Roberto Mota, presidente da União dos Advogados Públicos Federais do Brasil (Unafe), ficou apreensivo, porque, explicou, está marcada para amanhã a assinatura do acordo específico com a carreira – em quatro anos até 2019. “Acho estranho não ter havido qualquer manifestação do Ministério do Planejamento. Convencer a categoria para o acerto que está aí já foi um processo traumático. Chegamos a tentar até antecipar o pagamento para abril, sem sucesso. Se houver qualquer imposição sobre dezembro, a categoria vai ter que avaliar, mas não descarto a possibilidade de uma ampla greve geral”, disse Mota. 

AGU
Nesse momento, mais de 60 servidores administrativos da Advocacia-Geral da União (AGU) fazem um ato em frente ao Minsitério do Planejamento. Querem detalhes sobre os termos do acerto entre o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa; o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que aconteceu em 15 de outubro último. 

O objetivo principal, à época, foi alinhavar os reajustes para os advogados federais. Mas, na ocasião, também, segundo Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Condsef, foram definidos os destinos do restante dos trabalhadores. Segundo ele, o secrtário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, vai receber uma comissão de sindicalistas em alguns minutos. “Queremos tomar conhecimento do que aconteceu. Não sabemos nada sobre as propostas. Hoje é o Dia Nacional de Luta dos trabalhadores da AGU, em todo o país. Em Brasília, a mobilização é em frente ao Planejamento”, disse.