Servidor amplia greve

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Mais de 30% dos 680 mil servidores públicos federais na ativa estão em greve desde o início do segundo semestre. E o movimento paredista tende a crescer a partir do dia 23, quando o funcionalismo se unirá no Dia Nacional de Mobilização contra o pacote anunciado pelo governo, que atinge fortemente a categoria. Hoje, os fiscais agropecuários engrossam a greve.
 
De acordo com Maurício Porto, presidente do Sindicato Nacional (Anffa Sindical), 56% dos profissionais na ativa têm condições de se aposentar. “O cancelamento dos concursos públicos, além da eliminação do abono de permanência de 11%, certamente, prejudicará os cidadãos”, argumentou Porto.
 

 
Segundo Rudinei Marques, secretário-geral do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), mais grave que o congelamento dos salários — o reajuste previsto para janeiro próximo deve ser adiado para agosto de 2016 — é o fim do abono, que pode contaminar os Três Poderes e pegar em cheio parcela significativa dos 12,5 milhões de funcionários públicos do Brasil.
 
“É assustadora a possibilidade de o corte do abono de permanência se espalhar. Por ser uma medida meramente administrativa, o benefício pode ser extinto com uma canetada. Na essência, o abono pretendia justamente economizar recursos”, disse Marques. Ele teme o “pacote de maldades” não tenha chegado ao fim. “Há boatos de que o governo prepara nova reforma da Previdência apenas para servidores, com elevação da idade mínima. Parece que algo tenebroso está por vir”, destacou.
 
Precarização
Para Daro Piffer, presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), o impacto negativo é maior do que parece. Congelar concursos por três anos significa pelo menos cinco sem reposição de pessoal — tempo para organizar o certame e convocar os aprovados. “Como o serviço tem que ser feito, o pacote abre as portas à terceirização e, em consequência, à precarização do trabalho”, alertou.
 
Segundo Rosa Jorge, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), o governo adotou a política errada. “Se investisse em pessoal, apenas no combate à sonegação do FGTS daríamos retorno de R$ 30 bilhões por ano”, disse Rosa.
 
Na avaliação de Marcos Leôncio Ribeiro, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), o aspecto mais dramático do pacote anunciado pelo governo é a insegurança sobre a manutenção do poder aquisitivo dos salários. “Muitos dos acordos salariais estavam oficializados. Faltavam apenas ser assinados. Agora, o governo diz que vai adiar  o reajuste para agosto. Quem nos garante que não mudará novamente a data?”, questionou.
 
Fonte: Correio Braziliense c/ alterações de Ascom/FONACATE