Secretário admite que houve ‘chute’ em orçamento de estádio da Copa no PR
O orçamento inicial para a reforma que adequará a Arena da Baixada (PR) aos padrões exigidos pela Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) era um “chute”. A informação do secretário municipal de Curitiba para a Copa do Mundo, Reginaldo Cordeiro, foi dita em resposta a questionamento do líder do PPS, deputado Rubens Bueno (SP).
Em audiência pública da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados, realizada nesta terça-feira (25),o parlamentar lembrou que o custo da reforma do estádio de Curitiba dobrou de preço desde o início dos trabalhos.
Reginaldo Cordeiro admitiu que a reforma do estádio local, orçada inicialmente em R$ 140 milhões, está calculada agora em R$ 330 milhões. Ele assumiu também que a falta de planejamento no início da preparação do Brasil para a competição prejudicou os trabalhos na capital paranaense. O secretário argumentou, contudo, que a arena paranaense será, “de longe o palco mais barato da Copa”.
Piada
O líder do PPS concordou que houve um problema de planejamento. Para ele, houve demora em se iniciar o preparo do País para a realização da competição. Segundo ele, a maior parte das obras não sairá do papel e, entre aquelas que estão em execução, os custos já somam mais de R$ 26 bilhões. “A grande piada para o mundo é que a presidente Dilma (Rousseff) prometeu o trem-bala para a Copa”, afirmou.
Bueno criticou também o custo dos estádios. “Eles deveriam custar juntos R$ 2 bilhões, agora já passam de R$ 8 bilhões. Aliás, só o estádio de Brasília já passa dos R$ 2 bilhões”, lamentou.
O deputado Arnon Bezerra (PTB-CE) também reclamou dos “chutes” no cálculo inicial dos custos da Copa e da ausência de um bom planejamento inicial. Ele lembrou, no entanto, que houve um estádio, o de Fortaleza, que custou cerca de R$ 30 milhões a menos que o orçamento inicial previu.
Quase fora
O secretário de Curitiba também explicou que a situação melhorou muito desde o fim do ano passado, quando a capital paranaense correu sério risco de ficar fora da competição.
Apesar dos problemas enfrentados com o estádio, ele considerou o entorno da arena, outro ponto importante para a Federação Internacional de Futebol (Fifa) no qual a cidade tem se saído melhor. “Nossa situação em Curitiba é completamente diferente daquele encontrada pelas outras cidades, pois a área do estádio é completamente urbana, com uma arena muito compacta e, por isso, a prefeitura teve que comprar um terreno vizinho ao estádio para facilitar o acesso”, disse.
O presidente da Comissão do Esporte, deputado Damião Feliciano (PDT-PB), se disse satisfeito com a prestação de contas e com os progressos da capital paranaense. Também o deputado Arcelino Popó (PRB-BA) concordou com os avanços. “A cidade não se preocupou apenas com o estádio, mas também com o legado que será deixado para a cidade”, afirmou.
Ausência de legado
Popó criticou, no entanto, o trabalho que vem sendo realizado nas demais sedes. “A boa imagem que se tem do País no estrangeiro será abalada se as pessoas souberem o quanto estão custando nossos estádios”, argumentou. Ele também questionou o custo do estádio de Brasília. “Esperamos que os resultados sejam positivos, muito embora, por conta de legado, estejamos mal”, afirmou.
Em resposta, o gerente de ações do Comitê Especial para a Copa do Mundo da Prefeitura de São Paulo, José Carlos da Silva Gomes defendeu que será deixado um “grande legado” para a cidade, que ele chamou de “legado intangível”. “O legado intangível é a mudança de autoestima para a população e a integração dos governos federal, estadual e municipal, isso é uma grande coisa”, defendeu.
O representante da prefeitura também considerou um grande legado a realização de planejamento para a Copa. “Agora culpamos a falta de planejamento pelos problemas. Isso é uma grande evolução. Pode não ser o planejamento que o deputado gostaria, mas é muita coisa.”
Gomes ainda questionou qual seria o conceito de legado. “Legado é apenas obra?”. Ele disse ainda que não se lembrava de uma visita de integrantes da comissão às obras. “Não me lembro de vocês lá, mas serão muito bem vindos.”
O deputado Popó respondeu que a comissão esteve, sim, no estádio de São Paulo, o Itaquerão. “Visitamos a obra uma semana antes do acidente que vitimou operários”, retrucou o parlamentar, lembrando o acidente que matou um empregado da obra em novembro.