Tática é reforçar ‘continuidade’ como marca

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Autor(es): Tânia Monteiro Rafael Moraes Moura

Contaminada pelo clima eleitoral, a comemoração dos dez anos do Bolsa Família transformou-se em uma troca mútua de elogios, entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente e o antecessor reforçaram a tática de transmitir a ideia de continuidade entre os governos.

Em entrevista após a cerimônia, o ex-presidente afirmou que a marca do governo Dilma é a mesma daquela defendida durante a campanha eleitoral: a continuidade e o aprofundamento daquilo que foi feito em seu governo, com foco na inclusão social. “Eu acho que o governo da presidente teve uma marca da campanha, que foi a razão da sua eleição: dar continuidade a um programa de inclusão social e desenvolvimento (do governo Lula)”, disse Lula.

O tom de campanha ficou mais nítido com menções ao governo tucano. “Ninguém que governou de costas , para o povo tem legitimidade para atacar o combate à desigualdade que nós fizemos”, disse a presidente Dilma. “Bolsa Família não é esmola, é tecnologia social de distribuição de renda e combate àfome.”

Lula, por sua vez, avisou que o programa se transformou em “direito” para as famílias mais carentes, que não precisam mais “pedir favor e trocar seu
voto por um prato de feijão”. “É isto que preocupa certa sociologia das elites da política brasileira; é preconceito da mais baixa linha política.”

A presidente Dilma classificou ainda os programas que antecederam o Bolsa Família, em governos anteriores, como de “baixa eficácia”, que tinham vigência “nas proximidades das eleições”.

O ex-presidente Lula aproveitou ainda a presença dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Míriam Belchior, para cobrar que não fiquem criando empecilhos para a liberação de verbas para os programas sociais. “Querido Man-tega e querida Míriam. Quando forem discutir o orçamento, parem de regatear dinheiro para os pobres”, afirmou Lula, sob palmas da plateia, lotada por ministros e parlamentares.

“Pão de cada dia”. Em suas falas, que duraram cerca de 40 minutos cada, Lula e Dilma trocaram elogios entre si e procuraram mostrar sintonia. “Enquanto existir uma só família (passando fome) ela vai encontrar da presidente Dilma, tenho certeza, o pão de cada dia”, declarou Lula, ao elogiar a busca ativa que o governo Dilma está fazendo. “Que se coloque as Forças Armadas atrás de brasileiros, para não deixar um brasileiro sem comer porque foi para isso que fomos eleitos.” Lula ainda atacou o inconformismo de “certos grupos da elite” que se incomodam com o fato de os pobres estarem viajando de avião e “as empregadas usando perfumes iguais aos das patroas”.

Dilma disse que 93% das titulares do programa são mulheres e quem reconheceu isso foi um homem, o presidente Lula.

Sucessora
“O governo da presidente teve uma marca da campanha, que foi a razão da sua eleição: dar continuidade a um programa de inclusão social”
Luiz Inácio Lula da Silva
EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Ódio
“Nós sabemos que o ódio dos críticos do Bolsa Família é anacrônico”, disse Dilma no evento de 10 anos do programa. Segundo ela, o programa “não acomoda nem vida”.