Até junho, custeio cresce 6,8%, sem descontar inflação

173

Autor(es): Por Lucas Marchesini | De Brasília

Os gastos do governo federal com custeio aumentaram 8,8% (de forma nominal), de R$ 460 bilhões no primeiro semestre de 2012 para R$ 500,5 bilhões no mesmo período deste ano, de acordo com levantamento da ONG Contas Abertas, obtido com exclusividade pelo Valor PRO, o serviço de informação em tempo real do Valor.

Essa elevação de R$ 40,5 bilhões é quase igual ao corte de despesas que o governo pretende fazer esse ano (em relação ao orçamento aprovado), considerando os R$ 28 bilhões já anunciados e o novo corte de até R$ 15 bilhões que está sendo preparado. O governo já anunciou que o novo contingenciamento deve atingir principalmente gastos da máquina.

Os gastos com custeio estão divididos em outras despesas correntes, que passaram de R$ 359,7 bilhões para R$ 392,5 bilhões entre os períodos analisados; e pessoal e encargos sociais, que subiram de R$ 100,3 bilhões para R$ 108 bilhões. Como o total das despesas da União subiu R$ 113,9 bilhões no mesmo período, a elevação dos gastos com custeio (de R$ 40,5 bilhões) representou 35% desse aumento.

Outros 53% do crescimento das despesas da União se devem à amortização e refinanciamento da dívida, gastos que saíram de R$ 321,5 bilhões para R$ 382,7 bilhões entre os primeiros semestres de 2012 e 2013, um aumento de 19%. Em valores corrigidos pela inflação, a alta dos gastos com custeio foi de R$ 7,4 bilhões, sendo R$ 6,9 bilhões em outras despesas correntes e R$ 466 milhões com pessoal e encargos sociais. Já os gastos reais com a amortização e refinanciamento da dívida subiram R$ 38,2 bilhões entre os primeiros semestres de 2012 e 2013.

Por outro lado, os recursos investidos ficaram quase parados no período. Os valores reais cresceram R$ 129 milhões entre os primeiros semestres de 2012 e 2013. Foram R$ 20,4 bilhões investidos neste ano ante R$ 20,3 bilhões em igual período do ano passado. Como essa modalidade é considerada prioritária pelo governo federal, a expectativa é que ela não será afetada pelo novo corte.

A contabilização desses investimentos não incluem os gastos com o Minha Casa, Minha Vida, montante que o governo federal inclui quando divulga o valor dos seus investimentos. O levantamento da ONG Contas Abertas foi realizado no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) em 1º de julho e engloba todos os valores pagos, o que inclui os restos a pagar.