Orçamento apertado

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A desaceleração da inflação em 12 meses de 6,59% para 6,49% não fez diferença para o consumidor. Para as famílias, o orçamento continua apertado. Os preços dos alimentos, mesmo com algum arrefecimento, não param de subir. Em 12 meses, acumulam elevação de 14%. A batata-inglesa encareceu 123,48%; a farinha de mandioca, outro item importante para o brasileiro, subiu 146,31%. Os serviços também continuam a pesar no bolso — depois de aumentar 0,26% em março, o preço médio do setor se elevou em 0,54% em abril.

O grupo com maior elevação foi o de medicamentos. Na casa de Pedro e Natália Ribeiro, de 83 e 75 anos, respectivamente, os remédios respondem por uma fatia grande das despesas mensais. Eles dedicam pelo menos R$ 300 da aposentadoria a esse gasto. O valor só não é maior porque Pedro recebe descontos. “De dois anos para cá, tem ficado pior”, afirmou ele. “A inflação só é controlada nos cálculos do IBGE”, completou Natália. Usuária de um mesmo remédio por 13 anos, Antônia Farias Pereira, 55, viu o preço dobrar nos últimos anos. Atualmente desempregada, ela gasta R$ 300 mensais na farmácia. “E aumenta cada vez mais. Tanto é que não compro nenhum produto sem pesquisar bastante”, disse.