Investimento, em produção e infraestrutura, deve ser prioridade
A receita dos empresários vencedores da 13ª edição do prêmio “Executivo de Valor” está voltada ao incremento da oferta da economia – seja na própria produção, seja na infraestrutura. Para eles, os estímulos ao investimento do setor privado formam o caminho mais seguro rumo a um crescimento econômico robusto no longo prazo. Para alguns, isso passa por uma política industrial mais clara; para outros é preciso, primeiro, retomar a confiança do empresariado, seja o que já está aqui, seja dos investidores externos.
“Há um forte movimento para aquecer a demanda, mas é preciso se preocupar com o incentivo à oferta, ou seja, à produção”, diz o presidente da Microsoft, Michel Levy. A preocupação ecoa mesmo entre aqueles que são claramente favorecidos pelo motor do consumo. “O país precisa de investimento e não só de fomentar o consumo”, afirma Márcio Utsch, diretor-presidente da Alpargatas, a fabricante das Havaianas. Utsch defende investimentos em infraestrutura, energia elétrica, segurança e transporte para que o país volte a crescer. Resumindo as preocupações do empresariado, o executivo diz que o incentivo ao consumo pode até trazer efeitos positivos, mas são temporários, enquanto o investimento tem impacto perene.
Na mesma linha, o presidente da Bradesco Seguros, Marco Antonio Rossi, confere atenção especial à infraestrutura. Segundo ele, o caminho para a retomada do crescimento econômico do país passa pela expansão do investimento, tanto público quanto privado, principalmente no setor de infraestrutura.
Produtividade foi a palavra escolhida por Murilo Ferreira, presidente da Vale, como algo crucial para que o país volte a crescer. “Vivemos em uma economia global com competidores muito fortes”, diz Ferreira. Segundo o executivo, uma política fiscal competitiva é elemento fundamental para que uma empresa consiga incrementar seu desempenho.
O presidente da petroquímica Braskem, Carlos Fadigas, diz que para o Brasil voltar a crescer deve, no curto prazo, continuar aprimorando sua política industrial, especialmente nos setores que ainda enfrentam concorrência desigual de produtores de outros países. Segundo Fadigas, a desoneração tributária que já beneficiou alguns setores é um passo importante nessa direção, mas é preciso estimular mais os investimentos em inovação e continuar reduzindo os gargalos de infraestrutura.
“O baixo crescimento do PIB nos últimos anos deixou patente que não se pode prescindir da expansão da indústria e que apenas os setores de serviços, agronegócio e comércio, juntos, não são suficientes para garantir um crescimento sustentável para o país”, disse o presidente da Braskem.
“Políticas públicas claras” é o que pede o presidente do grupo sucroalcooleiro São Martinho, Fábio Venturelli. “Não pode ser uma agenda de crescimento a qualquer custo. Não adianta ser consumidor de produtos de baixa qualidade ou ser um produtor de itens de qualidade questionável”, diz Venturelli. “A política pública tem que ser condizente com um crescimento sustentável.”
Para o presidente da rede O Boticário, Artur Grynbaum, para o país voltar a apresentar crescimentos robustos, é necessário que algumas premissas, determinadas pelo governo, fiquem mais claras ao mercado e com isso, devolvam a segurança aos agentes, fazendo retornar os investimentos. “Há um ambiente hoje não tão claro para investimentos”, afirma ele.
A preocupação é partilhada pelo executivo José Galló, presidente da Renner, e pelo presidente do BTG Pactual, André Esteves. Para o país voltar a crescer, diz Galló, é preciso uma retomada da confiança no mercado e um processo de novos investimentos, mas há hoje uma “razoável dose de temor de novos investimentos” no Brasil.. “O Brasil precisa recuperar a confiança perdida por uma série de “mal entendidos” para voltar a crescer”, resume Esteves.
O presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Jr, também defende a criação de marcos regulatórios claros, a exemplo do setor elétrico. Ainda segundo ele – que tem na mão de obra uma das principais preocupações – o Brasil para crescer tem de fazer pesados investimentos em infraestrutura.
O Brasil precisa elevar o nível de investimentos diretos, atualmente entre 17% e 19%, para voltar a crescer, segundo o empresário André Gerdau Johannpeter, presidente do grupo Gerdau. Para ele, o setor público tem de aplicar mais, principalmente em parcerias público privadas (PPPs) na área de infraestrutura. O executivo destacou também a reforma tributária, que seria fundamental para inverter a perda de competitividade do setor industrial brasileiro. Em especial, disse, da siderurgia, um setor afetado pela entrada direta de aço, bem como indireta, por meio da importação de bens acabados, como automóveis e máquinas.