País retomou ciclo de investimentos, diz Holland

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Autor(es): Por Sergio Lamucci | De Washington

A economia brasileira retomou o ciclo de investimentos, como deixam claro os números de absorção de bens de capital, disse ontem, em Washington, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland. Segundo ele, os indicadores do primeiro trimestre indicam que a economia brasileira entrou em 2013 bem melhor do que começou 2012. Ao falar sobre inflação, Holland destacou o peso da alta de alimentos, que respondeu por mais de 50% da variação de 6,59%, acumulada pelo IPCA nos 12 meses até março.

Holland destacou a importância da queda de estoques, que levou ao aumento da capacidade instalada e da confiança dos empresários, combinação que aumentou o apetite para investimentos. A redução do IPI para setores como linha branca e veículos foi importante para ajudar a diminuir os estoques, disse.

Nesse cenário, os empresários foram buscar recursos no BNDES, afirmou Holland, citando o forte crescimento dos desembolsos do banco no primeiro trimestre. Destacou o aumento de 8,5% da absorção de bens de capital ocorrida entre dezembro de 2012 e fevereiro deste ano, na comparação com os três meses anteriores. Segundo ele, a recuperação mais forte começou a partir de novembro, ou dezembro, do ano passado.

“Está acontecendo o investimento, não só em máquinas e equipamento, mas é fundamental o estímulo que estamos dando à construção civil, instalações físicas, indústria de construção civil pesada, infraestrutura, as concessões”, disse. Holland falou com os jornalistas pouco antes de participar do evento “Repensando a Política Macroeconômica”, promovido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Ao comentar o fato de o FMI ter apontado gargalos de infraestrutura e no mercado de trabalho como restrições de oferta, que podem afetar o crescimento de curto prazo no Brasil, Holland disse que, “em geral, instituições internacionais chamam a atenção para informações a que a gente está atento”.

“Temos que nos preocupar com restrições do lado da oferta de emprego, tanto que estamos aumentando a formalização do emprego, estamos ampliando a qualificação do trabalhador, e estamos intensificando o ingresso de trabalhadores qualificados do resto do mundo no Brasil. Isso está acontecendo de forma muito interessante”, disse o secretário. O FMI reduziu anteontem a estimativa para o crescimento da economia brasileira em 2013 de 3,5% para 3%.

Para Holland, “a curva de inflação está num declínio muito interessante. O mais importante de tudo no sistema econômico, e o sistema brasileiro não é exceção, é ver um declínio lento e gradual da inflação ao longo do tempo. De 6,5%, foi para 5,8% e deve ser menor ainda este ano. A capacidade de deflacionar é um ponto importantíssimo da economia brasileira”, disse.

Ele enfatizou o peso da alta de alimentos na inflação acumulada em 12 meses. “É algo significativo, que deve ser considerado. Muitos produtos hortifrutigranjeiros subiram mais de 100% ou 150%. Isso acaba tendo um peso grande no IPCA”, afirmou, lembrando que os alimentos respondem por 24% do indicador, mas contribuíram com mais de 50% da alta no período. “Quando você exclui alimentos do IPCA, nossa inflação está em níveis bem comportados com relação a experiências internacionais.” (Colaborou Juliana Ennes, para o Valor, de Washington).