PIB fraco no 1º trimestre

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Autor(es): » VICTOR MARTINS

Correio Braziliense – 02/04/2013

 

 

O primeiro trimestre fechou e deixou um gosto amargo para o governo. Dados preliminares elaborados por integrantes da equipe econômica mostram que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) ficou aquém do desejado, adiando, mais uma vez, a esperada retomada do crescimento. O número mais positivo encontrado pelos técnicos, até agora, é de avanço de apenas 0,6% ante o quarto trimestre de 2012, resultado que, se confirmado, tornará mais difícil a possibilidade de o país encerrar este ano com incremento de 3,1%, como estima o Banco Central. Os indicadores considerados mais desanimadores são os de fevereiro, quando a indústria e o comércio sentiram o baque do baixo número de dias úteis — apenas 17.

Diante desse quadro, o governo decidiu apostar mais uma vez no desconto de Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para manter o consumo das famílias aquecido e, por tabela, evitar mais um pibinho.

Sem habilidade
“Na melhor das hipóteses, o Brasil cresceu 0,65% no primeiro trimestre do ano”, disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos. “Quando o governo renovou o IPI, olhou muito mais para o crescimento, pois está preocupado em estimular o nível de atividade. Porém, não está tendo habilidade suficiente para comunicar isso”, ponderou.

No primeiro trimestre do ano, não fosse o setor de serviços e um desempenho favorável do agronegócio, o país poderia apresentar resultado ainda pior. “Pelos números que temos, a produção industrial caiu em fevereiro. Os dados de março mostram uma recuperação, mas de maneira moderada, o que vai levar a um comportamento errático do segmento, reforçando o processo de baixo crescimento”, argumentou Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos. Na visão dele, o governo só poderá falar em crescimento robusto quando fizer crescer as taxas de investimento do país. “Só teremos crescimento consistente com a retomada dos projetos de investimentos, coisa que ainda não estamos vendo”, frisou.

No mercado, o temor maior é em relação ao custo de vida. Com o discurso do BC, a sensação é de que a inflação alta veio para ficar, a fim de ajudar o crescimento econômico. “Não vejo os preços dando um alívio tão cedo. Para mim, o viés da inflação é de alta. Se os índices surpreenderem, será para pior”, alertou Rosa.