Analistas preveem Pibinho de 0,95%

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PIB cresceu 0,95% em 2012, dizem analistas

Autor(es): VICTOR MARTINS

Correio Braziliense – 01/03/2013

 

 

As apostas no mercado são de que os dados que o IBGE divulga hoje sobre o crescimento do país em 2012 vão frustrar o Planalto e dar munição aos adversários de Dilma.

 

Apesar de todos os estímulos dados pelo governo, a economia não recuperou o fôlego. Dado oficial sai hoje, mas é certo que a média de crescimento nos dois primeiros anos da gestão Dilma Rousseff foi o menor desde a administração Collor

O crescimento brasileiro em 2012 decepcionou. Apesar de todos os estímulos dados pelo governo, os investimentos encolheram e a indústria se afogou em recessão. Os dados do Produto Interno Bruto (PIB), que serão apresentados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vão frustrar a equipe econômica e, ao mesmo tempo, acenderam um alerta no Palácio do Planalto: Dilma Rousseff pode ter a reeleição ameaçada por não conseguir apresentar taxas de expansão a contento e controlar a inflação. A popularidade da petista está sustentada apenas pelo mercado de trabalho que, apesar de estar aquecido, dá os primeiros sinais de arrefecimento.

Na média, as apostas dos participantes do mercado são de que o PIB de 2012 tenha ficado em 0,95%. Com esse desempenho, e os 2,7% de 2011, a média anual de crescimento nos dois primeiros anos do governo Dilma ficou em 1,82% — a pior para o período desde a gestão de Fernando Collor de Mello, cuja média dos dois primeiros anos de mandato (1990 e 1991) ficou negativa em 1,66%. “Tudo isso coloca em risco o cenário eleitoral para 2014. Inflação alta e crescimento baixo têm um custo político elevado”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB Brasil.

O mercado e o governo tentam ainda entender como uma combinação de juros no menor nível da história (7,25% ao ano), bilhões de reais em desonerações e estímulos ao setor produtivo, quase pleno emprego e uma taxa de câmbio mais competitiva à indústria e aos exportadores não conseguiram engrenar a recuperação da atividade. Para os economistas, o diagnóstico do Banco Central, explicitado na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), é o mais correto: o problema está na oferta, e não na demanda. Desde então, o governo vem tentado estimular investimentos no país. Para isso, anunciou desonerações à importação de máquinas e equipamentos industriais, concessões de portos, ferrovias, rodovias e aeroportos à iniciativa privada e prometeu turbinar o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Nada, porém, ainda deu resultado.

“No fim do ano passado, quando se deu conta de que as medidas de estímulo ao consumo das famílias haviam se esgotado, o governo começou a se mostrar preocupado com investimentos. É bem possível que o nível deles tenha ficado estável ou apresentado ligeira melhora no último trimestre de 2012. Mas foi pouco para mudar o quadro total do ano passado”, observou Alex Agostini, economista-chefe da gestora de risco Austin Rating. “A expectativa é de que, em 2013, os investimentos imprimam um ritmo mais forte à economia. Eles podem subir para 21% do PIB, uma boa melhora, mas ainda abaixo dos 25% que a presidente Dilma tinha prometido”, argumentou. 

Disparidade
Mauro Schneider, economista-chefe da CGD Securities, observou que o governo deve abusar dos gastos públicos em 2013 para continuar a estimular a economia. “O Palácio do Planalto já se comprometeu com mais desonerações aos setores produtivos, pois ainda tem fôlego para atuar”, disse. Ele destacou que o Brasil tem crescido a duas velocidades. De um lado, o consumo segue robusto; de outro, o setor produtivo permanece estagnado. “Isso aumenta a disparidade entre a oferta e a demanda e gera inflação”, ressaltou. Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, fez avaliação semelhante. “O consumo das famílias seguiu em expansão, beneficiado pela redução do IPI. Já os investimentos continuaram em declínio”, relatou.

Diante do quadro de crescimento incerto no Brasil em 2013 — há especialistas falando em avanço entre 2% e 3% —, muitos avaliam que o governo vai tolerar mais inflação e evitar elevar os juros básicos (Selic) o quanto for possível. As projeções são de que, até julho, a carestia acumulada em 12 meses estoure o limite de tolerância definido pelo governo, de 6,5%, e obrigue o Banco Central a subir juros.

Esse movimento, porém, pode ocorrer apenas na segunda metade do ano, para controlar as expectativas e permitir que o crescimento seja mais forte em 2014, ano eleitoral. 

Seis trimestres de queda na Espanha
A economia espanhola encolheu pelo sexto trimestre consecutivo entre outubro e dezembro, e no ritmo trimestral mais rápido desde meados de 2009, mostraram dados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB) final divulgados ontem. A economia do país contraiu-se 1,4% em 2012, após ter crescido 0,4% em 2011, dificultando as tentativas do governo de cortar o deficit público e reverter a destruição dos empregos. A queda anual foi a segunda pior desde que a série começou em 1970, na época da ditadura de Francisco Franco. Os analistas preveem um segundo ano consecutivo de retração em 2013. Embora as exportações tenham aumentado, as vendas no varejo caem há 30 meses seguidos, afetadas pelos cortes de gastos públicos e o alto desemprego.

Produção fraca nos EUA
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos teve uma expansão de apenas 0,1% no último trimestre de 2012 em relação ao mesmo período de 2011, segundo estimativa divulgada ontem pelo Departamento de Comércio. Se confirmada, terá sido a menor taxa desde o primeiro trimestre de 2011, indicando que o crescimento da economia norte-americana, em todo o ano passado, não passou de 2,2%. Boa parta da fraqueza do fim de ano veio da desaceleração no acúmulo de estoques e de uma forte queda em despesas militares. Os gastos do consumidor, que alimentam 70% da atividade econômica dos EUA, cresceram 2,1% em termos anuais, nível insuficiente para colocar a economia em rota sustentada de crescimento em 2013.