Contra crise, Dilma sugere incentivos ao crescimento

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O Globo – 12/12/2012

 

Em Paris, presidente diz que Brasil faz sua parte no combate à turbulência

PARIS A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem a combinação de medidas de austeridade fiscal e de incentivo ao crescimento econômico como receita para superar a atual crise econômica global.

– A responsabilidade fiscal é tão necessária quanto são imprescindíveis as medidas de estímulo ao crescimento – disse a presidente durante discurso no “Fórum pelo progresso social: o crescimento como saída da crise”, organizado pelo Instituto Lula e pela Fundação Jean Jaurès, em Paris. – É muito importante a posição da França nesse momento no sentido de apresentar um caminho claro que combine os dois aspectos fundamentais.

A presidente, que está em visita oficial à França, também defendeu a criação de uma “efetiva união bancária” na zona do euro como passo fundamental para superar a crise econômica na região, e alertou que cortes radicais de gastos que gerem uma recessão econômica podem agravar a crise, em vez de resolvê-la.

– A recessão econômica e a desordem fiscal tiveram para nós consequências sociais e políticas muito graves – afirmou. – O Brasil sabe, por experiência própria, que a dívida soberana dos Estados e as dívidas financeiras dificilmente são equacionadas num cenário de recessão.

Dilma garantiu que o Brasil tem feito sua parte para combater a crise internacional e tem buscado estimular a expansão da economia, com desonerações de impostos e reduzindo a taxa básica de juros, o que, na avaliação da presidente, tem evitado uma valorização excessiva do real.

– O meu país vem fazendo a sua parte, o que nos permitiu desde o início de 2008 diminuir os efeitos da crise global – afirmou. – A nossa contribuição nos próximos meses será uma maior aceleração da economia.

A economia brasileira frustrou as expectativas do governo e do mercado ao crescer apenas 0,6% no terceiro trimestre ante o trimestre imediatamente anterior.

Críticas à guerra cambial

Dilma voltou a criticar o que chamou de “uso abusivo de políticas monetárias” por alguns países no enfrentamento da crise e reiterou a posição brasileira nas discussões globais sobre as mudanças climáticas e a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU).

– Queremos ampliar o multilateralismo. Hoje há no Conselho de Segurança da ONU um grande desequilíbrio, uma vez que países que emergiram estão sub-representados.

Dilma aproveitou o discurso em Paris para defender utilização dos royalties do petróleo em educação, como forma de garantir o crescimento sustentável do país.