Compra de jatos deve reduzir assimetrias da balança comercial com a China

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Os chineses vieram para o Brasil com apetite equivalente às dimensões do gigante econômico. Na primeira visita de Estado do líder da maior economia da Ásia, Xi Jinping, ao país, foram formalizados nada menos que 54 atos governamentais e empresariais, dos quais 32 foram assinados ontem.

Dilma considerou a visita chinesa bastante positiva e destacou que o governo brasileiro tem um imenso interesse em aumentar as exportações de commodities e de produtos manufaturados para o país asiático. “Queremos ampliar a presença de produtos de alto valor agregado na nossa pauta exportadora”, destacou ela, após a reunião com chefes de Estado e representantes de governos de 11 países sul-americanos, e do quarteto da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), composto por Cuba, Costa Rica, Antígua e Barbuda e México.

Ela destacou a intenção do país asiático em estreitar os laços não somente com o Brasil, mas também com a América Latina. Durante o encontro com os outros líderes, os chineses fizeram três propostas: a criação de um fundo para financiar projetos de infraestrutura na região, de US$ 20 bilhões, com funcionamento previsto para o ano que vem com um capital inicial de US$ 10 bilhões; a criação de uma linha especial de bancos chineses para os países da Celac de até US$ 10 bilhões; e a implantação de um fundo de cooperação para países latinos e caribenhos de US$ 5 bilhões em áreas a serem definidas. Além disso, o governo chinês anunciou que vai conceder 6 mil bolsas de estudo para países latinos.

Ferrovias
Os chineses demonstraram interesse em várias áreas, mas o segmento ferroviário ganhou especial atenção. Eles têm grande interesse na licitação do trecho 4 da Ferrovia Transcontinental, que ligará Lucas do Rio Verde (MT) a Campinorte (GO), integrando a Ferrovia Transoceânica Brasil-Peru. “Essa ferrovia passa pelo Centro-Oeste, grande produtor de soja, principal produto que eles compram do Brasil. Ao investir na obra, serão grande provedor de logística e transporte, garantindo posição estratégica no Brasil”, destacou o presidente do Conselho Empresarial Brasil-China, Sérgio Amaral, que considera que as relações bilaterais “deram um salto qualitativo”. 

A presidente Dilma também destacou os dois contratos assinados para a compra de 60 jatos EMB 190 da Embraer, sendo 40 para a Tianjin Airlines e 20 para o Industrial and Comercial Bank of China (ICBC). O valor total estimado do negócio é de US$ 3,2 bilhões. Especialistas consideram o acordo com a Embraer importante para o Brasil reduzir as assimetrias da balança comercial com a China. 

Outra medida comemorada após a visita da comitiva chinesa foi o fim do embargo à carne bovina brasileira, em vigor desde dezembro de 2012, quando foi detectada um caso atípico da doença conhecida como vaca louca no Paraná. Segundo o ministro da Agricultura, Neri Geller, há expectativa de que o Brasil exporte de US$ 800 milhões a US$ 1,2 bilhão para a China, quase metade do valor previsto para as importações de carne bovina do país.

Para a Vale, o Eximbank promete uma linha de crédito para mineradora brasileira de US$ 5 bilhões para a compra de navios e equipamentos de empresas chinesas.