Brasil está saindo da UTI, em processo de retomada, afirma Meirelles

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As medidas fundamentais para tirar o país da maior recessão da história estão “em pleno andamento”, afirmou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, após participar da abertura do 12ª Congresso Brasileiro da Construção, promovido pela Federação das Indústrias do Estado São Paulo (Fiesp). “O Brasil está em processo pleno de recuperação da estrutura econômica.” Durante sua participação no evento, Meirelles observou, porém, que as medidas de ajuste fiscal em curso são imprescindíveis, mas, sozinhas, não são suficientes para que o Brasil retome o crescimento. “São necessárias outras medidas. Estamos discutindo medidas na área trabalhista. O programa de investimentos é fundamental. Mas a pré­condição é estabilizar o crescimento da dívida nos próximos anos e limitar o crescimento das despesas”, sustentou. O ministro disse que o projeto de reforma da Previdência deve ser apresentado hoje pelo presidente Michel Temer e enfatizou a importância dessa reforma, que, como notou, vai garantir o direito do trabalhador de receber aposentadoria. “A sistemática atual é insustentável. É injusto conceder privilégios a pequenos grupos.” Avaliou ainda que medidas como a reforma previdenciária e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto dos gastos públicos “são passos gigantescos”. Para o ministro, a mudança de regras na área previdenciária é necessária porque a aposentadoria foi estruturada quando a expectativa de vida era muito menor. “Precisamos garantir o direito de todos receberem aposentadoria; Previdência também quebra, temos o exemplo do Rio. Outros Estados estão perto de ter aposentadoria quebrada. Se não fizermos reforma, quebram todas [as aposentadorias estaduais]”, afirmou. Diante do aumento do tom das críticas à falta de reação da atividade, Meirelles tentou passar uma mensagem de tranquilidade. Mais de uma vez, afirmou que é normal a ansiedade que domina economistas e políticos em relação ao desempenho da atividade, mas enfatizou a agenda estrutural em implementação pelo governo. “Queremos limitar o gasto público preservando a capacidade do governo de investir em setores que vão gerar riqueza, como infraestrutura”, comentou.  Segundo ele, o país “está saindo da UTI”. “O Brasil está saindo da UTI, está em processo de estabilização e retomada”, afirmou. “As mudanças têm sido céleres, mas, comparadas à ansiedade de todos para mudar, está devagar”, observou. O ministro notou que, ao se concentrar em resolver o problema de crescimento da despesa no longo prazo, o governo também reduz a instabilidade. “O Brasil vai crescer e vai sair desse ciclo de crises que ocorrem no país de tempos em tempos.” “Temos dois anos concretos de crise e isso afeta o endividamento das companhias, na medida em que lucros caem e as dívidas crescem. O mesmo vale para famílias”, declarou, emendando que o 

combate eficaz da crise só começou a partir de maio de 2016. Sobre ações de curto prazo para reanimar a economia, Meirelles disse “que medidas de promoção ao crescimento estão sendo estudadas e serão anunciadas, agora que a PEC [do teto do gasto] deve ser aprovada”. Ele evitou especificar quais seriam essas medidas, mas afirmou que o foco será no aumento da produtividade, área em que o governo já está atuando, com a desobrigação da Petrobras de ser a operadora única do pré­sal, por exemplo. “O importante é que sejam bem feitas, estudadas. O país está cansado de medidas pontuais que depois não funcionam.” Meirelles também afirmou que o governo não estuda aumento de imposto e nem ampliar desonerações. “Queremos reduzir déficit, recuperar emprego e renda”, disse. Para ele, não adianta repetir a fórmula de ajuste dos anos anteriores, com corte de investimento e aumento de imposto, enquanto a despesa primária aumenta todos os anos. “Desde a década de 1990, nenhum governo reduziu despesa como proporção do PIB [Produto Interno Bruto]. Essa é a maior razão da instabilidade crônica da economia brasileira”, afirmou o ministro . É por causa do aumento do gasto público, explicou, que, de tempos em tempos, o Brasil entra em crise. “Nos últimos anos, tivemos política econômica que buscou crescimento acelerado por meio de intervenção na economia. Houve controle de preços, expansão do crédito e aumento do gasto; mais isso falhou”, disse. Agora, afirma, o governo busca otimizar gastos, reduzir desperdícios, inclusive em programas sociais e reformar a Previdência. Também não adianta, apontou o ministro, cortar “no lugar errado, como é o caso do investimento. “Se aumentarmos impostos e o gasto permanente, reduzimos capacidade do setor privado de participar da economia”, disse ele. O objetivo, afirmou o ministro, é o contrário: reduzir o papel do Estado na economia, diminuir o endividamento público e conter a despesa. Meirelles voltou a destacar que esta é a mais profunda crise desde que o Produto Interno Bruto (PIB) começou a ser medido no país, no início do século passado, e ressaltou que as medidas que vêm sendo tomadas pelo governo – PEC do teto de gastos, reforma da Previdência – têm o intuito também de preservar a capacidade do Estado de investir e manter sua sustentabilidade.