BC reduz Selic a 13,75% e monitora o PIB

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O Comitê de Política Monetária (Copom)
do BC promoveu nova redução da taxa
básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto
percentual, de 14% para 13,75% ao ano, e
voltou a sinalizar a possibilidade de
intensificar a distensão monetária,
dependendo do quanto o crescimento
mais fraco da economia ajudar a baixar a
inflação e da continuidade do ambiente
de abundância de capitais para economias emergentes.
Houve uma reordenação nas condições indicadas pelo colegiado que
norteiam o ritmo e tamanho do atual ciclo de baixa de juros, que até a
reunião de outubro davam um peso maior à evolução da inflação de serviços
e à implementação das reformas fiscais pelo Congresso Nacional.
Agora, o colegiado presidido por Ilan Goldfajn cita explicitamente que está de
olho na evolução de suas próprias projeções de inflação e nas expectativas de
mercado e de dois fatores de risco, um positivo e outro negativo, que podem
influenciar o caminho do índice de preços à meta de 4,5% em 2017 e 2018.
Do lado positivo, destaca que “o ritmo de desinflação nas suas projeções pode
se intensificar caso a recuperação da atividade econômica seja mais
demorada e gradual que a antecipada”. Ontem, o IBGE divulgou uma queda
de 0,8% no Produto Interno Bruto no terceiro trimestre, e o Copom informou
que reduziu suas projeções para a taxa de expansão da economia em 2016 e
2017.
Do lado dos riscos negativos, o colegiado destaca que, para de fato o PIB
fraco baixar ainda mais a inflação, “depende de ambiente externo adequado”.
No comunicado, o Copom afirma que as incertezas sobre a implementação da
política monetária nos Estados Unidos e a política econômica do presidente
eleito Donald Trump podem por fim ao período de liquidez extraordinária
para economias emergentes.
Esses não são, porém, os únicos riscos monitorados pelo colegiado. O BC
aponta que persistem os sinais de pausa no processo de desinflação de alguns
componentes do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) mais sensíveis ao
ciclo econômico e à política monetária, referindo­se aos serviços. Apesar de
reconhecer que “os passos no processo de aprovação das reformas fiscais têm
sido positivos até o momento”, o colegiado pondera que “o processo de
aprovação e implementação das reformas e ajustes necessários na economia
é longo e envolve incertezas”.
O comunicado também aponta que a convergência da inflação para a meta de
4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária, que
inclui os anos­calendário de 2017 e 2018, “é compatível com um processo
gradual de flexibilização monetária”. Até outubro, o BC falava em
flexibilização “moderada e gradual”. A discussão entre os analistas é se, de
fato, isso significa que são maiores as chances de um corte de juros de 0,5
ponto percentual na reunião de janeiro, como se tornou consensual nas suas
projeções.
A avaliação do BC sobre o quadro externo é a de que ele é “especialmente
incerto”. Para o BC, o aumento da volatilidade dos preços de ativos indica o
possível fim do que chama “interregno benigno” para economias emergentes.
“Há elevada probabilidade de retomada do processo de normalização das
condições monetárias nos EUA no curto prazo e incertezas quanto ao rumo
de sua política econômica”, diz o comunicado.
No lado positivo do balanço de risco, o BC aponta também a inflação mais
favorável no curto prazo, o que pode sinalizar menor persistência no processo
inflacionário. É citado ainda o nível de ociosidade na economia, que pode
produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom.
Para o comitê, os primeiros passos no processo de ajustes necessários na
economia foram positivos ­ sobretudo fiscal­, o que pode sinalizar aprovação
e implementação mais céleres que o antecipado.
Na parte dedicada à atividade econômica doméstica, o Copom reconhece que
o conjunto dos indicadores divulgados desde a reunião de outubro sugere
desempenho aquém do esperado no curto prazo ­ e informa que isso induziu
reduções das projeções para o PIB em 2016 e 2017. “A evidência disponível
sinaliza que a retomada da atividade econômica pode ser mais demorada e
gradual que a antecipada previamente”, diz o BC.
A avaliação sobre a inflação é que o comportamento recente mostrou­se mais
favorável que o esperado, em parte em decorrência de quedas de preços de
alimentos, mas também com sinais de desinflação mais difundida.
No lado das expectativas, o BC aponta que as projeções de inflação apuradas
pela pesquisa Focus recuaram para em torno de 4,9% para 2017, e
mantiveram­se ao redor de 4,5% para 2018 e horizontes mais distantes.
O comunicado também mostra uma evolução positiva nas projeções de
inflação. As projeções para a inflação de 2016, nos cenários de referência e
mercado, recuaram e encontram­se em torno de 6,6%. As projeções para
2017, nos cenários de referência e mercado, situam­se em torno de 4,4% e
4,7%, respectivamente. Para 2018, as projeções encontram­se em torno de
3,6% e 4,6%, nos cenários de referência e mercado, respectivamente.
Em outubro, no cenário de referência, a projeção para 2017 tinha recuado
para aproximadamente 4,3%, enquanto que a projeção para 2018
encontrava­se em torno de 3,9%. No cenário de mercado, a projeção para
2017 tinha ficado praticamente inalterada em torno de 4,9% e a projeção
para 2018 tinha aumentado para aproximadamente 4,7%