‘Dinâmica da dívida é avassaladora’

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Ex­presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga disse ao Valor que a política econômica está “desbalanceada”, com gestão fiscal expansionista e peso “monumental” sobre a política monetária. Na opinião dele, é preciso mudar esse “mix”, fortalecendo o ajuste fiscal no curto prazo. Para isso, talvez seja necessário aumentar impostos e reduzir desonerações. “Teríamos um programa muito mais robusto de enfrentamento da crise se o governo não estivesse deixando parte importante do ajuste para o futuro”, afirmou. Armínio não esconde a preocupação com a economia ­ em recessão e com imensa dificuldade de esboçar reação ­, a instabilidade política e o desmonte do núcleo mais próximo do presidente Michel Temer. No momento em que se esperava que a atividade mostrasse alguma recuperação, o que está ocorrendo é a piora dos indicadores antecedentes, com queda nos índices de confiança. O ex­presidente do BC não está convencido de que a piora recente da confiança do consumidor, do comércio e da construção indique aprofundamento da recessão, mas também não vê indicações óbvias de retomada. O compromisso com um ajuste fiscal para daqui a dois ou cinco anos não tem peso algum no presente, explicou Armínio, que vê uma dinâmica “avassaladora” da dívida porque os números atuais não incluem os custos da crise dos Estados.