Déficit de US$ 2,4 bilhões na conta corrente do Brasil supera previsão

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O Brasil registrou em junho déficit de US$ 2,479 bilhões nas suas transações correntes. O resultado, divulgado pelo Banco Central (BC) nesta terça­feira, ficou acima do déficit projetado pela própria instituição, de US$ 1 bilhão, mas foi o menor para o mês desde 2009. De janeiro a junho, o déficit em conta corrente somou US$ 8,444 bilhões, o mais baixo desde 2007. No primeiro semestre de 2015, o déficit correspondeu a US$ 37,888 bilhões. Medido em 12 meses, a diferença entre o que país gastou e o que recebeu nas transações internacionais relativas a comércio, serviços, rendas e transferências unilaterais foi negativa em US$ 29,439 bilhões, o equivalente a 1,67% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pela autoridade monetária. Nos 12 meses encerrados em maio, o déficit foi de 1,7% do PIB. Para dar uma dimensão do ajuste externo, nos 12 meses findos em junho de 2015, o déficit era de 4,4% do PIB. Para o calendário completo, a projeção é de déficit em conta corrente de US$ 15 bilhões. Em 2015, o déficit foi de US$ 58,9 bilhões. Como proporção do PIB, o déficit deve ser de 0,87% no ano. Investimentos diretos O Investimento Direto no País (IDP) teve ingresso melhor do que o estimado pelo BC ­ somou US$ 3,917 bilhões em junho, ante previsão de entrada de US$ 3,6 bilhões, e foi mais que suficiente para cobrir integralmente o déficit em conta corrente do mês. Apesar disso, o montante foi o mais baixo para junho desde 2010. Nos seis primeiros meses de 2016, o IDP totaliza US$ 33,816 bilhões, contra US$ 30,932 bilhões um ano antes. Em 12 meses, o IDP totaliza US$ 77,959 bilhões, ou 4,42% do PIB, ante 4,57% do PIB vistos até maio. Para 2016, o BC estima ingresso de US$ 70 bilhões, ou 4,05% do PIB. Além do valor destinado à participação no capital de empresas no Brasil, também são classificados como investimentos diretos os empréstimos concedidos por matrizes de empresas multinacionais as suas filiais no país e vice­versa. O retorno de investimento brasileiro no exterior também passou a integrar essas estatísticas. É como se o dinheiro tivesse saído e entrado novamente. A cada reinvestimento de IDP o estoque de passivo externo cresce. Os empréstimos intercompanhias responderam por uma saída líquida de US$ 1,024 bilhão em junho, e somam US$ 8,805 bilhões de ingressos até junho. Em 2015, totalizaram US$ 18,653 bilhões. O investimento direto propriamente dito (participação no capital) foi de US$ 4,941 bilhões em junho e de US$ 25,011 bilhões no semestre. Em 2015, equivaleram a US$ 56,421 bilhões. Os lucros reinvestidos foram de US$ 766 milhões. Estimativas para julho Em julho, a conta corrente do balanço de pagamentos deve ser deficitária em US$ 4,3 bilhões, como informou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. Ele acrescentou que é de se esperar um ajuste mais lento no setor externo ao longo do segundo semestre do ano. No sétimo mês de 2016, até o dia 22, houve saída líquida de US$ 1,7 bilhão em IDP. Maciel explicou que esse movimento se deve a uma operação no setor financeiro, mas não deu mais detalhes. Em julho completo, deve haver saída líquida de US$ 700 milhões. 

O representante do BC notou ainda que o fluxo cambial está positivo em US$ 576 milhões em julho, até o dia 22, com saída líquida de US$ 2,716 bilhões na conta financeira e ingresso de US$ 3,292 bilhões na conta comercial.