BC: contas externas têm saldo positivo pelo segundo mês consecutivo

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O país registrou saldo positivo nas contas externas pelo segundo mês seguido, divulgou hoje (24) o Banco Central (BC). Em maio, o superávit em transações correntes, que são as compras e as vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com o mundo, ficou em US$ 1,2 bilhão. Em abril, o resultado positivo chegou a US$ 412 milhões.

O resultado positivo de maio é o maior registrado na série do BC, desde agosto de 2007, quando ficou em US$ 1,233 bilhão. Nos cinco meses do ano, houve déficit de US$ 5,966 bilhões, resultado bem menor do que o registrado em igual período de 2015 (US$ 35,325 bilhões).

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o resultado de maio surpreendeu, já que a projeção para o mês era de déficitde US$ 200 milhões. Maciel disse que o resultado da balança comercial, com superávit de US$ 6,251 bilhões foi melhor que o esperado e levou ao saldo positivo das transações correntes. “Basicamente o que surpreendeu, no mês, foi o melhor desempenho da balança comercial, com um saldo no mês mais significativo”, disse.

Para junho, o BC espera que as transações correntes voltem a registrardéficit devido a redução do saldo da balança comercial, comum nessa época do ano, influenciada pelo agronegócio. O BC prevê déficit em transações correntes de US$ 1 bilhão neste mês.

Projeções

O Banco Central reduziu a projeção para o saldo negativo das contas externas, este ano, de US$ 25 bilhões para US$ 15 bilhões.

Em relação a tudo o que o país produz, o Produto Interno Bruto (PIB), o saldo negativo deve corresponder a 0,87%, contra 1,48% previstos em março pelo BC.

O resultado esperado para a balança comercial contribuiu para melhorar a conta de transações correntes. A estimativa para o superávit comercial passou de US$ 40 bilhões para US$ 50 bilhões neste ano.

A conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros, entre outros) deve apresentar resultado negativo de US$ 28,3 bilhões. A estimativa anterior era US$ 28,6 bilhões.

Segundo Maciel, o saldo negativo da conta de serviços tem se reduzido, mas a queda foi maior no início do ano. “Está diminuindo, mas esse ritmo de redução é cada vez menor”, ressaltou. Maciel citou que a conta de viagens internacionais (receitas de estrangeiros no Brasil e despesas de brasileiros no exterior), integrante dos serviços, teve uma contração “bem acentuada no início do ano”. “Essa contração persiste, mas em ritmo menor à medida em que estamos avançando em 2016. Claro, a taxa de câmbio tem papel determinante nesse fluxo”, disse.

No balanço das transações correntes, a conta de renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) deve apresentar saldo negativo de US$ 39,7 bilhões, contra US$ 39,3 bilhões previstos anteriormente.

A conta de renda secundária (renda gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) deve registrar saldo positivo de US$ 3 bilhões, ante US$ 2,9 bilhões previstos em março.

Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir esse déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o investimento direto no país (IDP), porque recursos são aplicados no setor produtivo do país.

A projeção do BC é que, este ano, esses recursos sejam mais que suficientes para cobrir o saldo negativo das contas externas porque devem chegar a US$ 70 bilhões. A previsão anterior era US$ 60 bilhões.