Seminário apresenta as tendências para o Brasil em 2035
Para o chefe da Assessoria de Assuntos Estratégicos do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Ariel Pares, pensar estrategicamente começa a ser hoje um elemento importante nas agendas social e econômica brasileiras e torna-se uma questão essencial no governo. “O país passa por uma crise – não só brasileira como mundial- em que os conflitos de interesses são tão grandes que impõem, necessariamente, uma negociação de longo prazo”, destacou, lembrando que todos os compromissos vão exigir um tempo que não se coaduna com a atual tradição brasileira de planejamento de quatro anos.
O presidente da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor), Marcio Gimene, disse que nas 12 oficinas que foram realizadas nesta primeira etapa do projeto e no levantamento da Fiocruz com base em trabalhos anteriores, identificou-se uma série de tendências, não muito animadoras, até 2035. “Por um lado, isso pode ser preocupante, mas, por outro, indica que o trabalho foi bem feito e que está atento à necessidade de identificarmos com clareza os desafios que precisam ser enfrentados. Para combatermos os problemas, é preciso primeiro reconhecê-los”, afirmou.
Pela manhã, Yacine Guellati e Cláudio Monteiro, do Ipea, e Luiz Ribeiro, da Fiocruz, expuseram as tendências que se apresentam na dimensão social. Em seguida, Rafael Lima (Ipea) e Samuel Soares (Unesp) falaram sobre as tendências na dimensão político-institucional. No período da tarde, Jean Lima (Ipea), Ricardo Serone (Previ), Carlos Barão (Petrobras), Lavínia de Castro (BNDES) e Danielle Torres (Embrapa) discorreram sobre as tendências na dimensão econômica. Por fim, Joana Rocha fez uma abordagem na dimensão territorial, dando um recorte espacial para essas diferentes tendências levantadas nas oficinas realizadas.
Na dimensão social, por exemplo, Yacine Guellati falou de nove tendências, entre elas a questão do envelhecimento da população, que, segundo ele, ocorre desde os anos 1980 e aparece como uma forte tendência até 2035. “Isso ocorre por dois fatores principais: o aumento da expectativa de vida e a queda da taxa de fecundidade. De acordo com expectativas do IBGE, em 2040, o percentual de idosos, com mais de 65 anos, será maior do que o de jovens”, afirmou.
Outra tendência citada, desta vez na dimensão político-institucional, diz respeito ao aperfeiçoamento dos instrumentos de governança e da profissionalização da administração pública. “Foi identificada uma série de iniciativas demonstrando que, embora em movimentos diferentes, ainda há um constante esforço de aperfeiçoamento da gestão pública”, apontou Rafael Lima. Outro elemento citado pelo pesquisador nesse processo é a transparência no acesso à informação. Segundo ele, atualmente o Brasil é o 12º país onde se consegue dados mais facilmente, à frente inclusive de países como Alemanha, Reino Unido, Canadá e Bélgica.