Cortes no orçamento afetam programas sociais

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O ministro da Fazenda,Nelson Barbosa, disse nesta terça-feira (26) que o governo pode precisar fazer mais cortes no orçamento. Com isso, os programas sociais, que já perderam dinheiro no ano passado, podem ser afetados.

Quem precisa de uma creche, sabe a dificuldade para conseguir uma vaga. No Distrito Federal, 25 mil crianças de zero a cinco anos de idade aguardam na fila. Uma espera traduzida em números.

Em 2014, o governo gastou R$ 884 milhões na construção de creches. Em 2015, R$ 324 milhões.

Não foi o único programa social que teve cortes.

Em 2014, o governo gastou com o Pronatec, programa de acesso ao ensino técnico R$ 4.358 bilhões. Em 2015, R$ 3.120 bilhões, uma redução de 28%.

Já o programa Minha Casa Melhor, uma linha de crédito para a compra de móveis e eletrodomésticos para participantes do Minha Casa Minha Vida lançado em 2013 está suspenso desde 2015. A Caixa Econômica Federal, que administra o programa, não diz quando ele volta a funcionar.

Alguns programas não tiveram cortes como o Fies. Em 2014, o governo liberou R$ 13,7 bilhões para o financiamento estudantil. E em 2015, pouco mais de R$ 14 bilhões.

O Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo, também não foi cortado, mas os valores pagos não foram corrigidos pela inflação que, em 2015, foi de 10,67%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Gil Castelo Branco, economista de uma ONG especializada em contas públicas, traduz o que a falta de reajuste e os cortes significam no dia-a-dia de quem depende dos programas.  

“O poder de compra daquelas pessoas que recebem o Bolsa Família está caindo sensivelmente. Na verdade, a discussão não é se este governo ou se o novo governo irá cortar programas sociais. Os programas sociais já estão sendo cortados efetivamente”, explicou.

Para este ano o governo até prevê mais dinheiro para programas como Fies bolsa família creches só que o orçamento de 2016 já foi cortado duas vezes: R$ 44,6 bilhões a menos, e pode vir mais corte por aí. Quanto em cada programa o governo não diz.

Os ministérios do Planejamento e do Desenvolvimento Social também não quiseram falar sobre os cortes em alguns programas

Ao assumir o Ministério do Planejamento em dezembro de 2015, Valdir Simão disse que pretendia fazer uma avaliação profunda em todos os programas sociais do governo, que eles precisavam sair do piloto automático.

Nesta terça-feira (26) à noite, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, confirmou que o governo estuda um novo corte no orçamento, mas não deu detalhes. 

“Vamos nos pronunciar sobre isso quando apresentarmos o decreto”, disse.