Governo cria crise desnecessária com articulação de novo partido, diz Cunha
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou nesta terça-feira (29) que o governo criou uma nova crise desnecessária com a articulação da criação do Partido Liberal, que possibilitaria a migração de deputados do PMDB para a nova legenda.
Segundo ele, a raiz da crise política atual está na tentativa de criar partidos políticos, que ele chama de artificiais, para tirar deputados e senadores dos partidos convencionais para formar uma nova base política.
“Isso foi palco de grande debate no primeiro semestre, foi palco de grandes brigas. Nós, inclusive, aprovamos uma nova lei sobre criação de partidos políticos. Nós reagimos aqui várias vezes com virulência com relação a esse tema”, lembra Cunha.
“Então voltar a esse tema, a ponto que atrapalhe a sanção da lei para as eleições do ano que vem, e o governo estar de novo concordando com o artificialismo de criar um partido para canibalizar a base, isso significa o seguinte: eles não aprenderam nada com a crise política. Continuam errando igualzinho”, criticou.
Incerteza
Na opinião de Eduardo Cunha, o governo impôs uma incerteza sobre o tema que não é boa para o processo: “Por exemplo, se o governo veta o prazo de filiação, o prazo passa a ser sexta-feira (2), não daqui a seis meses; isso nos dá uma incerteza no processo absolutamente desnecessária”.
Eduardo Cunha lembrou que os vetos da reforma política só poderão ser votados após a análise dos demais vetos que trancam a pauta. Nesta sexta-feira (2), termina o prazo para que os candidatos às eleições de 2016 se filiem aos partidos, quando faltará exatamente um ano para as eleições municipais.
Reforma
O presidente da Câmara afirma que não pode haver indefinições sobre as regras do processo eleitoral nesta semana e defende que o Senado vote a PEC da Reforma Política (PEC 113/2015), que inclui regras para o financiamento de campanhas e já foi aprovada na Câmara.
“Seja para aprovar, para rejeitar, total ou parcialmente, mas deveria fazê-lo. Esse assunto tem que ser esgotado. Aqui nós fizemos todo esforço possível, independentemente de quem ganhou ou perdeu”, ressaltou.
“Houve posições em que eu fui vencido, houve outras em que eu venci, na minha opinião, não na atuação. Mas pelo menos exercemos o nosso papel a tempo. É importante que o Senado também aprecie a reforma, e que o Congresso como um todo aprecie os vetos, pois o ciclo precisa ser esgotado”, acrescentou.
Impeachment
Eduardo Cunha reafirmou que começará a analisar os despachos a respeito de alguns pedidos de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, já nesta semana.