Resultado do PIB reflete incertezas do início do ano, diz Levy

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O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse hoje (29), no Rio de Janeiro, que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano – que mostrou recuo de 0,2% em relação ao trimestre anterior e queda de 1,6% em comparação a igual trimestre do ano passado – retrata o momento de incertezas que vigoravam no início de 2015. “Tinha gente que tinha dúvidas quanto à economia brasileira, qual rumo que a economia ia tomar.”

Levy assegurou, entretanto, as coisas mudaram. As incertezas em relação ao abastecimento de água e energia foram superadas, bem como dúvidas sobre a possibilidade de rebaixamento do grau de investimento do Brasil e mesmo de a Petrobras não conseguir divulgar o seu balanço auditado referente a 2014.

“Havia muita incerteza quando o ano começou e isso, evidentemente, afetou a atividade econômica. De lá para cá, eu acho que a confiança mudou. Nós vencemos esses desafios mais imediatos: o Brasil manteve o seu investment grade [grau de investimento]; a Petrobras publicou o seu balanço, está fazendo uma série  de ajustes lá, enquanto a produção de petróleo continua crescendo. E, na parte de energia, a gente vê, inclusive, os reservatórios na Região Sudeste hoje com 35% [de capacidade], até porque com o realinhamento de preços também a própria população teve mais indicações para reagir à menor quantidade de água que a gente teve no ano passado”, disse o ministro.

Perguntado sobre a possível venda da BR Distribuidora para ajudar nos investimentos da Petrobras, o ministro esclareceu que esse não é um assunto vinculado ao Ministério da Fazenda. Apesar disso, avaliou que a administração da Petrobras está fazendo um trabalho de renovação importante. Ele acrescentou que “a produção de petróleo vem aumentando, o pré-sal é uma realidade, é uma vitória da engenharia brasileira”.

Levy ressaltou que o governo continua empenhado em mudar a dinâmica de incerteza que existia no país no início deste ano. “É importante a gente mudar isso, fazer o ajuste”. O ministro lembrou que boa parte do ajuste fiscal já foi votada no Congresso Nacional e que, passada esta primeira fase, ainda há muito por fazer.

O ministro destacou que o governo está tomando medidas para  manter e reanimar a economia em algumas áreas. Ele citou, entre elas, a liberação de mais de R$ 20 bilhões para a construção civil.

Levy disse que na próxima semana a presidenta Dilma Rousseff anunciará um plano de safra “ambicioso”, considerado importante para a retomada do crescimento econômico. Ele ressaltou que o câmbio também é uma indicação positiva para que a indústria retome os investimentos e contribua para o aumento das exportações.

“Estamos tomando uma série de ações para  a economia retomar o fôlego, o caminho”, ressaltou Joaquim Levy, ao avaliar que os resultados obtidos nos primeiros meses de 2015 já mudaram a percepção negativa sobre o PIB no começo do ano. “Agora, abre perspectivas novas, inclusive na parte de concessão, que é fundamental para o Brasil ser mais competitivo, ter um custo menor e a gente poder realmente crescer.”

Segundo Levy, a concessão pode ajudar as empresas a retomar o investimento que vem caindo há vários trimestres consecutivos. As medidas que estão sento tomadas visam a criar um clima favorável ao investimento, reiterou o ministro. O ministro ponderou que o investimento privado tem um timing próprio. “As pessoas têm que ter aquela confiança para poder botar o seu dinheiro. Nós também estamos trabalhando para conseguir um novo desenho do mercado de crédito”. Ele acrescentou que o país cresceu nos últimos dez anos e alguns modelos de crédito que herdou estão um pouco obsoletos. “Às vezes, cada setor quer ter uma caixinha para financiar. É interessante, mas acaba limitando o potencial.” Segundo Levy, o governo está trabalhando na reestruturação desses modelos de crédito.

Joaquim Levy acredita que o segundo trimestre de 2015 deverá ser de transição. “[Haverá] uma travessia. Mas eu acho que a gente vai começar a ter alguns sinais já diferentes no segundo semestre, o que é natural. Quanto mais rápido a gente tomar as medidas, as pessoas entenderem o rumo que a gente está seguindo, a necessidade de uma mudança também estrutural do Brasil porque o ambiente externo mudou, os preços das commodities não vão voltar a subir, a gente vai começar a ver o crescimento voltar” O ministro disse que, na medida em que o Brasil voltar a mostrar que é um ambiente de crédito seguro, de alta qualidade, há condições de sair da classificação de B triplo e alcançar um rating (avaliação) A. “É onde o Brasil deve e merece estar”.