Levy diz que resultado do PIB reflete incertezas do primeiro trimestre

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RIO – O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta sexta-feira que a queda de 0,2% do PIB no primeiro trimestre reflete um momento de incerteza que o país passou no início do ano e que “sinais diferentes” serão percebidos no segundo semestre. Para ele, o segundo trimestre será um momento de “transição”. Levy afirmou ainda que o Brasil tem toda chance de melhorar sua classificação de risco, elevando-a para a categoria A, “onde o país deve e merece estar”.

— O retrato que o IBGE fez do começo do ano é aquilo que a gente sabia, era um momento de incerteza, (sobre) qual o rumo que a economia ia tomar. Mas muita coisa mudou desde o início do ano, desde se ia faltar água e energia até se o Brasil ia ter downgrade e se a Petrobras ia publicar seu balanço. Vencemos esses desafios mais imediatos. O primeiro trimestre reflete um pouco uma dinâmica que vinha acontecendo e que a gente está trabalhando para mudar — disse Levy, ao participar de almoço de almoço de empresários na Firjan.

Perguntado se no segundo trimestre já se perceberia uma virada, afirmou que ele representaria uma “transição” e que a melhora viria mais fortemente no segundo semestre.

—(O segundo trimestre) é uma transição. É o momento em que as pessoas começaram a ouvir e ver o que está acontecendo. É uma travessia (…) Acho que a gente vai ter alguns sinais diferentes no segundo semestre porque é natural. Quanto mais rápido a gente tomar as medidas, quanto mais rápido as pessoas entenderem o rumo que estamos seguindo. Essa necessidade de mudança estrutural, porque o ambiente externo mudou, os preços dascommodities não vão voltar a subir. Aí a gente vai ver o crescimento voltar — disse o ministro.

 

 
 

Otimista, Levy também disse que o Brasil poderá elevar seu rating (classificação de risco de crédito), sem detalhar quando isso ocorreria. No primeiro trimestre, houve uma especulação sobre se o Brasil perderia seu grau de investimento.

 

— Na medida que a gente tiver levando a cabo o que a gente propôs, acho que o Brasil tem tanta capacidade, já demostrou tantas vezes que é um crédito extremamente seguro de alta qualidade. Acho que o Brasil tem como conseguir ser um rating A, onde o Brasil deve e merece estar.

Concessões vão criar oportunidades

Ao comentar o sétimo trimestre de retração da taxa de formação bruta de capital fixo, Levy disse que a retomada do programa de concessões e o redesenho da estrutura do crédito vão ajudar na recuperação dos investimentos.

— O governo está tomando algumas medidas importantes para reanimar a economia. Ontem teve essa liberação (de recursos) para um setor extraordinariamente importante, a construção civil. (…) O investimento veio caindo por causa das incertezas. Agora estamos criando medidas para criar um clima favorável aos investimentos. Mas é lógico que o investimento privado tem um timing dele.

Ontem, o governo aprovou mudanças nas regras do crédito imobiliário que liberaram R$ 22,5 bilhões para a compra da casa própria, pois a disponibilidade de recursos para financiamento para este segmento estava chegando a seu limite. Esse teria sido o primeiro passo de novas mudanças que estão por vir.

— Alguns dos modelos (de crédito) que a gente herdou estão um pouquinho obsoletos. Cada setor às vezes quer ter uma caixinha para financiar. É interessante, mas acaba limitando esse potencial.

Quanto ao programa de concessões, Levy afirmou que ele trará oportunidades para o empresariado, citando os setores de rodovias e até telecomunicações. Ele disse ainda que o BNDES não será onipresente no financiamento desses projetos.

— O BNDES não poderá financiar tudo sozinho. O governo está costurando, preparando condições de financiamento para o ciclo de crescimento.