‘Faremos o que for necessário’, diz BC sobre meta da inflação de 4,5%
O Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, declarou, ao fim do 17° Seminário de Metas para a Inflação, nesta sexta-feira (22), que o órgão está “totalmente comprometido” a trazer a inflação para o nível de 4,5% em dezembro de 2016. E que “diante desse compromisso, faremos o que for possível para atingir essa meta”.
A prévia da inflação oficial (IPCA-15), medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desacelerou e ficou em 0,6% em maio. No entanto, no acumulado de 12 meses, o indicador ficou em 8,24%, o mais elevado desde janeiro de 2004, e acima do teto da meta de inflação do Banco Central, que é de 6,5%.
“O Banco Central está focado num objetivo, o objetivo explicitado é atingir a meta de 4,5% de inflação, medido pelo IPCA, ou seja, o preço ao consumidor, o final de 2016, em dezembro”, afirmou.
Tombini acrescentou que o trabalho do Banco Central é “justamente evitar que essa inflação se propague para horizontes mais longos, ou seja, para 2016, 17 e 18”, completou.
O presidente ressaltou que tem visto algum progresso em relação à expectativa da inflação, contudo, de acordo com ele, “esse progresso é bem-vindo, mas ainda não é suficiente para atingir a meta de 4,5%”.
Política fiscal
Tombini declarou também que a política fiscal “favorece o trabalho do Banco Central e o atingimento da meta da inflação”. “Portanto, uma política fiscal criteriosa, consistente e bem ajustada, certamente vai ajudar o país a recuperar o crescimento sustentável”.
Câmbio
O presidente afirmou ainda que o governo, antevendo as mudanças nas condições financeiras e monetárias do mundo, “se preparou no sentido de oferecer uma proteção contra variações cambiais para a econômica como um todo por meio de operações de swap cambial”.
“Acho que essas operações foram concluídas há um mês. Elas cumpriram seu papel de oferecer um nível de proteção satisfatório para permitir que um regime de câmbio flutuante, onde a taxa do dólar varia ao longo do tempo, que as empresas e agentes econômicos em geral estejam preparados para enfrentar uma situação de um pouco mais de volatilidade na área cambial”.
Discurso positivo do FMI
Tombini também comentou o discurso otimista da diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, a respeito da retomada de crescimento do Brasil.
“Foi um discurso de apoio às medidas que estão sendo tomadas no Brasil, de entendimento dessas medidas, é reconhecimento que o ano de 2015 é um ano de transição, para preparar uma perspectiva de um crescimento mais sólido a frente com redução de alguns desequilíbrios do passado”.
“Certamente foi um discurso com uma visão positiva em relação às perspectivas para o Brasil, tanto na questão da inflação ao longo tempo e da recuperação do crescimento mais a frente”.
Perspectivas fracas para 2015
No discurso final no evento, o presidente informou que a expectativa do Banco Central para 2015 é que haja expansão do setor agropecuário, “registrando mais um recorde anual para a safra de grãos”. Entretanto, na indústria, a perspectiva é de retração. E nos serviços, a expectativa é de crescimento modesto.
“No setor industrial, o desempenho não é homogêneo. O segmento extrativo deve registrar expansão em 2015, com aumento da produção de minério de ferro e de petróleo. Porém, espera-se retração no segmento de transformação”, disse.
De acordo com ele, o consumo das famílias deve crescer de forma moderada, sob o paradigma da demanda, “em linha com a distensão do mercado de trabalho e com a desaceleração da expansão dos rendimentos e do crédito”.
O investimento, contudo, deve retrair, analisou Tombini, influenciado pela ocorrência de eventos não econômicos. O Banco Central espera contribuição positiva do setor externo, com a expansão do volume exportado, e “alguma contração do volume de importações”.
“Em síntese, a expectativa é de um desempenho fraco no primeiro semestre, com ligeira melhora a partir da segunda metade deste ano e um desempenho mais favorável em 2016, como consequência dos ganhos de competitividade decorrentes da depreciação cambial, da melhora da confiança dos agentes e da melhora dos fundamentos macroeconômicos resultantes dos ajustes atuais”.