Câmara vota Orçamento Impositivo nos próximos dias, diz Cunha a rádio
O presidente recém eleito da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta terça-feira (3) à rádio CBN que vai colocar o Orçamento Impositivo para votação em segundo turno nos próximos dias. O tema já foi aprovado em primeiro turno na Casa. Cunha ressaltou que vai colocar o texto em votação assim que houver transcorrido o prazo de cinco sessões após os votos do primeiro turno, o que, segundo ele, será no máximo até a semana que vem.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento Impositivo torna obrigatória a liberação pelo governo de recursos que deputados e senadores destinam no Orçamento da União para projetos em suas bases eleitorais. Atualmente, cada parlamentar pode indicar até R$ 15 milhões em emendas, que não são necessariamente liberadas. Com o orçamento impositivo, cada um terá direito a um valor menor (R$ 13,8 milhões), mas com liberação garantida.
A PEC não agrada ao governo, porque obriga a liberação das emendas num período em que a tentativa da gestão de Dilma Rousseff é economizar dinheiro. Cunha, que é tido como desafeto da presidente, afirmou que colocar a PEC para ser votada não é uma “provocação” ao Palácio do Planalto.
“Vamos votar o segundo turno de uma PEC que passou no Senado e na Câmara no primeiro turno. É claro que o governo no início foi contra. Depois houve acordo de texto. Foi aprovado no Senado, a Câmara aprovou em primeiro turno. Nós vamos concluir. Não achamos que votar seja uma provocação. Só não foi feita a conclusão no fim do ano passado porque há um interstício a ser respeitado”, argumentou o deputado.
Mais tarde, depois de reunião da bancada do PMDB na Câmara, Cunha reiterou que pretende colocar em votação a PEC do Orçamento Impositivo, se possível, ainda nesta terça, caso haja consenso entre os líderes partidários.
“Se houver consenso, não houver oposição, a gente vota hoje. Se houver oposição, a gente vai ter que cumprir as cinco sessões de interstício”, afirmou
Relação com Dilma e com o governo
Cunha também foi questionado sobre uma eventual interferência do governo na eleição da Câmara a favor do candidato Arlindo Chinaglia (PT-SP). Nas semanas que antecederam o pleito, ele chegou a dizer que ouvia de deputados informações de que o Palácio do Planalto estava prometendo cargos e emendas em troca de apoio ao petista.
Para Cunha, a interferência foi “indevida”. No entanto, ele diz que manterá relação institucional com o Planalto e que “a vida segue”.
“O problema foi um erro de estratégia dos operadores políticos do governo. Isso não afetará, porque a minha relação com o governo terá que ser institucional. O problema foi que a base aliada foi pressionada, e essa pressão deixou em dificuldade o diálogo dos operadores políticos que fizeram esse papel através do governo com parlamentares da base e ministros, que foram pressionados e acabaram por gerar esse clima de mal-estar que houve. Da nossa parte, a vida segue”, afirmou.