TCU: Sem manobras governo teria registrado déficit primário de R$ 43,3 bilhões em 2013

540

Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) chegou à conclusão de que se forem descontadas as manobras fiscais o governo registrou déficit primário no ano de 2013. Os técnicos retiraram do resultado positivo apresentado receitas atípicas e despesas que foram empurradas para restos a pagar e estimaram a ocorrência de um déficit de R$ 43,3 bilhões, o equivalente a 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB). A contabilidade oficial do governo registrou um superávit de R$ 77 bilhões, 1,59% do PIB.

“Os números obtidos demonstram que, sem os instrumentos utilizados, a meta fiscal não teria sido alcançada em 2013. Usando os valores publicados pelo Tesouro Nacional, constata-se um resultado primário convencional de R$ 77.072 milhões, equivalente a 1,59% do PIB, enquanto o resultado primário ajustado foi negativo de R$ 43.318,4 milhões, ou igual a -0,9% do PIB”, concluíram os técnicos.

VEJA TAMBÉM
Líder do PSDB no Senado diz que partido vai votar contra mudança do superávit
Temer reúne ministros e lideranças do Congresso para explicar alteração na LDO
Governo envia ao Congresso proposta que permite descumprir meta fiscal de 2014
Advertido pelo TCU, governo quer mudança na legislação
Os técnicos citam como algumas das manobras para inflar as receitas os dividendos e juros sobre capital próprio transferidos pelo BNDES e pela Caixa Econômica Federal. Afirmam que estas operações estariam “aparentemente” em desacordo com o arcabouço legal. O total de receitas atípicas chegou a R$ 47,7 bilhões no ano passado.

Em relação aos restos a pagar, observam o crescimento ano após ano. Em 2012 foram inscritos R$ 116,2 bilhões para o ano seguinte. Em 2013 ficaram pendentes de pagamento despesas de R$ 134,8 bilhões. Descontados os valores pagos e cancelados, o tribunal chegou a conclusão de que o desembolso primário que deveria ter sido realizado em 2013 relativo a esses restos a pagar seria de R$ 72,6 bilhões.

Apesar dos achados da auditoria, o acórdão aprovado pelos ministros não prevê qualquer punição nem recomendação à área econômica do governo. Os ministros decidiram apenas encaminhar o estudo aos órgão do governo e ao Congresso.

Em seu relatório, o ministro Raimundo Carreiro anotou a necessidade de uma definição legal de uma metodologia de apuração do superávit primário para o atendimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Afirmou que apesar de a metodologia adotada atualmente pelo Banco Central ser aceitada internacionalmente ela dificultaria o acompanhamento e afeta a credibilidade das informações.