Obras públicas exigem cuidados profissionais

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Acontece com as obras públicas o mesmo que com as obras particulares. Elas sofrem o desgaste do uso e do tempo. Exigem, por isso, manutenção periódica. Antes de vencer o prazo de validade, correções precisam ser feitas para conservar a vida útil da construção. Trata-se de processo que necessita de contínuo acompanhamento técnico.

Em país avesso a planejamento, o óbvio deixa de ser incontestável e tem de ser reafirmado a cada infortúnio. Urbes grandes e pequenas procrastinam solução de problemas banais que, passado o tempo, se agravam, se candidatam a causar estragos sérios e roubam parcela maior do orçamento para o reparo que se torna mais e mais complexo e caro.

É o caso de falhas em calçadas. Além de dificultar o ir e vir do cidadão, impedem a circulação de cadeirantes. Ou de buracos em ruas e estradas, que congestionam o trânsito, furam pneus, provocam acidentes. Ou da falta de sinalização e pintura da faixa de pedestres, que transforma adultos e crianças em reféns de carros. Ou da ausência de sinais inteligentes que sincronizam as luzes do semáforo segundo o fluxo de veículos. Ou da iluminação pública insuficiente, que estimula a violência e a insegurança.

Com indesejável frequência, transtornos se repetem sem que se vislumbrem medidas eficazes para preveni-los. Alagamentos decorrentes do entupimento de bocas de lobo ou do lixo jogado em rios que cortam as cidades têm matado gente, desalojado famílias, inutilizado carros e espalhado doenças entre a população atingida. Explosão de bueiros nas calçadas do Rio e agora de São Paulo acendem o sinal vermelho para o que poderá vir.

Em Brasília, a tragédia decorrente do rompimento de adutora na Estrada Parque Taguatinga soma-se a calamidades causadas pelo descaso aliado ao despreparo. Especialistas apontam série de falhas que, além de provocar um dos maiores congestionamentos de trânsito na via, roubaram a vida de um trabalhador, feriram quatro e deixaram 120 mil brasilienses sem água. Pior: os erros eram evitáveis.

Cabe, a propósito, adaptação de frase de Clemenceau. “A guerra”, disse o estadista francês, “é importante demais para ser deixada nas mãos dos generais”. A adutora, repetem especialistas e cidadãos em geral, é importante demais para ser deixada nas mãos de servidores terceirizados inexperientes. Sem levar em conta a falta de preparo para fazer frente ao tipo de trabalho que lhes foi delegado, os operários trabalharam 27 horas seguidas, sem descanso e sem supervisão.