Governo teme que apagão cause prejuízo à candidatura de Dilma

136

Autor(es): Geralda Doca

O apagão ocorrido na terça-feira, que afetou 12 estados de quatro regiões do país, às vésperas das eleições, gerou preocupação no PT e na cúpula do governo, por temerem o uso eleitoral e prejuízos à candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Os petistas passaram esta quarta-feira tentando fugir do assunto e procuraram minimizar o episódio, mas, nos bastidores, culpavam o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), que é do PMDB.

A oposição voltou a culpar o governo pelo apagão. O governador de Pernambuco e presidenciável pelo PSB, Eduardo Campos, criticou o sucateamento da Eletrobras e a crise de energia que está criando um gargalo na infraestrutura.

Lobão filho defende pai

Em sua página no Twitter, o socialista pré-candidato defendeu, como solução, estimular cada vez mais a microgeração, ao lado da política de reduzir o preço da energia.

“Acho que nós vivemos um momento delicado no que diz respeito à questão da energia. É preciso perceber que a Eletrobras, uma empresa que em 2010 valia R$ 32 bilhões, hoje vale R$ 8 bilhões. Os técnicos estimam que, se não houver aumento de energia, o governo vai ter que tirar do Orçamento R$ 15 bilhões para as distribuidoras. E o mercado livre de energia bateu nesta quarta o valor mais alto, o seu pico histórico, ou seja, R$ 840 reais por megawatt. E nesse mesmo dia teve um apagão. Então, é preciso um olhar muito cuidadoso sobre o setor elétrico do Brasil”

.
No Senado, a oposição acusou a presidente Dilma Rousseff, que foi ministra de Minas e Energia no governo Lula, de “incompetente”, e a responsabilizou pelo suposto sucateamento do setor elétrico. A defesa do governo ficou a cargo do senador Lobão Filho (PMDB-MA), segundo o qual não há “nada que doa mais no coração” do pai, o ministro Edison Lobão, do que um apagão, atribuído por ele a problemas da natureza.

O senador Jorge Viana (PT-AC) considerou “uma forçação de barra” chamar o episódio de apagão:

— É uma forçação de barra chamar isso de apagão. Lamentavelmente 2014 é ano da Copa e alguns setores seguem torcendo contra o Brasil. Nosso problema de energia se agravou quando o PSDB estava no governo — disse ele.

Recém-saída da Casa Civil, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) tentou minimizar o corte no fornecimento de energia e atacou a oposição:

— Estamos esperando a avaliação do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) para que possamos esclarecer. É um incidente pontual. Lamento a utilização política, o que depõe contra o país — disse.

O senador Walter Pinheiro (PT-BA) foi um raro petista a demonstrar preocupação e, na sua opinião, há um problema de manejo no sistema elétrico brasileiro:

— Nosso sistema tem proteção e a versão apresentada não condiz com a realidade. O apagão de ontem (terça-feira) não é uma fragilidade do sistema. Temos que identificar o que deve ser um erro de manejo.

Já o governador petista Tarso Genro (RS), que estava no Senado, fez como se o problema não fosse com ele:

— No Rio Grande do Sul fomos vitimados.

Lembrado de que é petista, que o governo federal é comandado pelo PT e que ele próprio é candidato à reeleição, Tarso insistiu que não há impacto político:

— A mim não afeta. Afeta é a população.

Os senadores tucanos Álvaro Dias (PSDB-PR) e Cyro Miranda (PSDB-GO) discursaram para dizer que de nada adianta Dilma criar uma força-tarefa para resolver, agora, “se em 12 anos o PT e ela, durante um tempo como ministra das Minas e Energia, foram incompetentes para evitar o colapso de energia que resultou em 181 apagões desde 2011”.