Tensão no Planalto

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O nível de apreensão aumentou muito no governo. Com o Brasil sendo solapado pela onda de desconfiança que varre os mercados emergentes, a ordem é criar fatos positivos que ajudem o país a se descolar desse quadro desolador. A razão é uma só: há o temor generalizado de que os piores indicadores da economia em 2014 sejam divulgados às vésperas das eleições, minando a candidatura da presidente Dilma Rousseff.

Gente séria do governo admite que a situação está para lá de complicada. A inflação, que dará um pequeno alívio neste início de ano, voltará a subir, podendo estourar o teto da meta, de 6,5%, em setembro, um mês antes do pleito. Isso, apesar de o Banco Central aumentar os juros, o que também será ruim para o ritmo da atividade, que já anda fraca. Para piorar, o dólar deve subir ainda mais, e a renda do trabalhador crescerá bem menos que nos anos anteriores, reduzindo a sensação de bem-estar.

Uma das alternativas em exame para minimizar o estrago nos mercados é antecipar o corte de despesas no Orçamento e anunciar logo uma meta factível de superavit primário (economia para o pagamento de juros da divida pública). O corte e a meta devem sair até 20 de fevereiro. A antecipação do anúncio é defendida pelo novo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Como disse um assessor, Dilma “começou atrasada a corrida contra o tempo”. Se quiser evitar resultados pífios em seu último ano de mandato e garantir a reeleição, ela terá que agir agora.