Presidente do COI vai pedir socorro a Dilma
Autor(es): Jamil Chade Lausanne
Os protestos nas ruas das cidades brasileiras afetam a capacidade do Rio em atrair patrocinadores para os Jogos de 20×6 e o Comitê Olímpico Internacional (COI) recorre à presidente Dilma Rousseff para socorrer o evento. O novo presidente da entidade, Thomas Bach, anunciou que irá à Brasília em janeiro para pedir que o governo atue de forma decisiva para garantir a realização do evento. Os Jogos ainda não têm orçamento e a situação financeira preocupa.
Quatro anos depois de a cidade ter sido escolhida para ser sede das Olimpíada, as autoridades brasileiras ainda não revelaram ao público quanto vai custar o evento. Enquanto isso, informes secretos do COI obtidos pelo Estado alertam que o governo poderá ter de socorrer o evento, injetando mais dinheiro público diante da falta de patrocinadores para bancar os Jogos.
Em 2009, a candidatura do Rio havia indicado que o custo poderia ser de R$ 28 bilhões. Mas o valor era apenas uma estimativa.
Fontes em Lausanne confirmaram que o COB já queria ter anunciado os custos. Mas o problema viria de Brasília. Ontem, o Comitê Executivo do COI deixou claro em sua reunião que a questão do orçamento era uma preocupação e Bach confirmou que vai tratar do assunto com Dilma. “Vamos debater todas as implicações e isso inclui a questão financeira”, declarou Bach. “O que será crucial no caso do Rio é garantir uma cooperação entre os diferentes níveis de governo e com o comitê organizador”, disse Bach. “Vou falar com a presidente (Dilma) para garantir a cooperação entre essas entidades”, afirmou. “Isso é necessário para ter um evento com sucesso e atender os prazos”, defendeu.
Bach também alertou que, apesar dos progressos, o Rio não pode perder um só dia. “Temos que reconhecer que não há nenhum momento para perder e que todo esforço tem de ser feito todos os dias em obras construção e infraestrutura para levar os trabalhos adiante”, disse. Um dos pontos críticos é Deodoro.
Ontem, a área financeira foi alvo de um alerta durante a reunião em Lausanne. Antes dos Jogos de Londres, em 2012, o Rio havia obtido 50% das contas de patrocínios. Mas o ritmo de vendas caiu, ainda que ontem tenha acertado com a Cisco e nos próximos meses com a Skoll. Um dos motivos foi o impacto das manifestações que marcaram a Copa das Confederações em junho.
A própria Fifa passou a fazer um esforço para blindar a Copa em 2014, tentando acalmar empresas. No COI, documentos secretos indicam que a entidade orienta seus especialistas a “monitorar de perto” os protestos no Brasil. Em Sochi, os Jogos Olímpicos de Inverno terão uma área designada para protestos. Mas manifestantes não poderão sair da área reservada e nem fazer passeatas.
Já em agosto, o Estado revelou com exclusividade que o COI estava alarmado com a situação financeira do Rio. Os documentos secretos revelavam que a cidade não conseguiu completar a meta de patrocinadores para o evento e o COI recomendava até mesmo que o Rio comece a preparar um plano, caso o orçamento previsto para as obras não consiga ser financiado.
Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, esteve ontem em Lausanne no COI. Questionado pelo Estado sobre quando o orçamento seria divulgado, ele apenas respondeu: “Quando ele for divulgado, vocês saberão.”