Investimento baixo tira atratividade do Brasil

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O Brasil tem criado um modelo próprio para atrair empresas interessadas nas concessões. A estrutura montada pelo governo federal tenta reduzir o esforço necessário da iniciativa privada nos projetos.
A estratégia do governo faz sentido, segundo analistas.

A infraestrutura brasileira é mal avaliada, o que afasta investimentos e prejudica o crescimento brasileiro de longo prazo. No último Relatório Global de Competitividade, editado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), a oferta insuficiente de infraestrutura foi considerada o principal problema para se fazer negócio no Brasil.

No ranking geral de competitividade, o País ficou em 56.º lugar de um total de 148 países.
A avaliação ruim é reflexo do baixo investimento dos últimos anos. Um relatório do banco Credit Suisse mostra que o País investiu 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura em 2011, resultado abaixo de outros países emergentes como Filipinas (3,6% do PIB), Colômbia (5,8%), Chile (6,2%) e muito inferior ao desempenho da China (13,4%).

O Brasil ficou para trás, mas pode encontrar exemplos de países que deram uma guinada na infraestrutura e elevaram a competitividade. No caso chinês, o investimento em infraestrutura foi tão grande que foram construídos 35 mil quilômetros de ferrovias nos últimos 25 anos.

“Nos últimos 500 anos, o Brasil construiu 29 mil quilômetros”, diz Paulo Resende, coordenador do núcleo de infraestrutura e logística da Fundação Dom Cabral.

O forte esforço chinês trouxe resultados. O país conseguiu facilitar o escoamento da produção para levá-la mais próxima do mercado consumidor. “Com isso, a China garantiu redução de preço interno e até mesmo da inflação”, afirma Resende.

Em diversos países da Ásia, o investimento maciço em infraestrutura começou na década de 80. Cingapura, por exemplo, é uma economia pequena, mas se tornou extremamente competitiva. No relatório do Fórum Econômico Mundial, o país ficou em segundo lugar no ranking de competitividade, atrás da Suíça.

“As cidades de Cingapura são planejadas para o desenvolvimento dos próximos 20 ou 30 anos, porque há pouco espaço físico”, afirma Juan Carlos Rodado, economista do banco Natixis. “O desenvolvimento também precisa ser conjugado com uma política de educação e inovação. Não foi simplesmente construir uma estrada, mas melhorar todo o sistema produtivo do país”, diz.

Pelo mundo também existem soluções menos dependentes do Estado nas modelagens de concessões. Na Austrália, uma economia com características similares a do Brasil, o poder público assume três riscos em projetos de rodovias: eventos de força maior, mudanças na legislação e aquisição de terras.

Para lembrar. A falta de infraestrutura, o pessimismo do empresariado e a deterioração macroeconômica estão entre os fatores que levaram o Brasil a cair, de 2012 para 2013, da 48.ª para a 56.ª posição entre os 148 países analisados no Relatório Global de Competitividade, editado pelo Fórum Econômico Mundial. Na lista, feita em parceria no Brasil com a Fundação Dom Cabral e o Movimento Brasil Competitivo (MBC), o Brasil voltou à posição de 2009. O relatório combina dados estatísticos com os resultados de uma pesquisa de opinião feita com executivos. No Brasil, foram 2 mil entrevistas.