‘Vamos buscar médico até da China, se falar português’

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Autor(es): Evandro Éboli

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou ontem, após participar de uma audiência no Congresso, que desistências no Mais Médicos por boicote seriam de uma “permissividade inominável”. Padilha disse que para todas as vagas originárias dessas desistências serão buscados médicos, inclusive do exterior. — É de uma permissividade inominável se inscrever para boicotar, só para ocupar uma vaga. Vamos acompanhar isso de perto, chamar o município. Posso garantir que para os cargos não ocupados faremos de tudo para levar estrangeiros. Vamos até o fim. O que nos move é levar médico para os milhões de brasileiros desas-sistidos — disse Padilha. — Vamos buscar médico em qualquer lugar do mundo. Até da China, se falar português. Já temos profissionais do Egito, da Rússia. É mais rápido preparar um médico para falar português do que esperar seis anos para formar um médico. Trabalhei em várias aldeias indígenas. Não sei falar uma língua indígena, o que não foi empecilho para cuidar da saúde deles — disse Padilha. O ministro voltou ã apresentar indicadores da saúde brasileira que justificariam a necessidade de contratação de estrangeiros e defendeu o convênio com o governo cubano, para trazer médicos daquele país, via acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas): — Cuba tem esse acordo com 58 países, da Europa, do Oriente Médio. A OMS (Organização Mundial da Saúde) reconhece essa parceria com a Opas. Por que nunca perguntaram sobre o fato de o Ministério de Saúde de Cuba levar seus profissionais para o Haiti? O Haiti não gasta um real. Cuba custeia isso integralmente. E não perguntam sobre isso. PROGRAMA ENFRENTA 57 AÇÕES Na mesma audiência, o ministro da Advocacia Geral da União (AGU), Luís Adams, informou ontem que o governo responde a 57 ações judiciais questionando o Mais Médicos. Nenhum desses pedidos, até agora, resultou em ordem de suspensão do programa. São 26 ações civis públicas, 27 individuais, dois mandados de segurança e duas ações direta de inconstitucionalidade. — Nenhuma delas resultou em ordem de suspensão do programa. Ao contrário, as decisões referendam a consistência jurídica da medida provisória da presidente Dilma. As decisões são até duras com o comportamento dos atores — disse Luís Adams.