Orçamento com Lobão
Correio Braziliense – 11/04/2013 |
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Depois de ameaças de rebelião, reclamações sobre promessas não cumpridas e socos na mesa em reuniões a portas fechadas, a Comissão Mista de Orçamento definiu que o senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA) presidirá o colegiado que votará a última peça orçamentária do governo de Dilma Rousseff. O impasse na comissão, contudo, continua. Foi marcada, para terça-feira, uma nova reunião com o objetivo de eleger o relator — que deve ser o petista Miguel Corrêa (MG) —, e o vice-presidente, que deve ser do PSDB. A exemplo do que aconteceu na terça-feira, por muito pouco não foi cancelada a reunião de ontem da comissão. O senador Acir Gurgacz (PDT-RO), auxiliado pelo líder do partido na Câmara, André Figueiredo (CE) alegou ter direito ao cargo de presidente da comissão, baseado em promessa feita pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ainda durante a campanha para presidir a Casa, Renan teria prometido ceder a vaga, que pertence ao PMDB, por ser a maior bancada do Congresso, aos pedetistas, em troca do apoio da bancada — o partido lançou o senador Pedro Taques (MT) como adversário de Renan. “A promessa já foi cumprida com a indicação de Zezé Perrela (PDT-MG) para a presidência da Comissão de Ciência e Tecnologia (do Senado)”, respondeu Lobão. “O acordo não foi com o bloco, foi com o Acyr”, revoltou-se André. A reunião continuou a portas fechadas, enquanto assessores esperavam no plenário da Comissão em busca de uma solução. Antes desse diálogo, os senadores foram à presidência do Senado. “Renan garantiu que não prometeu nada ao Acyr”, declarou ao Correio o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). “E, se tivesse prometido, não adiantaria. Quem indica os integrantes são os líderes dos partidos. No caso do PMDB, eu”, disse . O medo da bancada governista era que, rompendo-se o acordo para a presidência da comissão, a troca causasse transtorno na escolha das relatorias de todas as outras 10 subcomissões temáticas, além do texto final e da Lei de Diretrizes Orçamentárias. “Já é uma comissão delicada, com constantes problemas de quórum e com todo mundo querendo puxar a sardinha para o seu lado. Seria problema demais”, disse um parlamentar da base. O temor era prejudicar a execução orçamentária do último ano de governo da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, em um cenário econômico de PIB modesto e inflação estourando o teto da meta. Até mesmo a relatoria do PT começou a ser questionada. “Disseram que seria um absurdo dar a relatoria para o PT às vésperas do ano eleitoral”, confidenciou o deputado Afonso Florence (PT-BA). A base aliada decidiu abafar a rebelião pedetista e Lobão foi escolhido. “Os demais cargos serão definidos na semana que vem, mas não existem riscos para a relatoria do PT”, garantiu o parlamentar. Acyr foi mais comedido nas queixas. “Não quero ser um empecilho para o bom funcionamento da comissão”, resignou-se. André Figueiredo, contudo, ainda estava revoltado. “Infelizmente, os acordos não são cumpridos nesta Casa”. Poucas horas depois, Lobão Filho e o presidente do Senado, Renan Calheiros, desfilaram de braços dados pelo Salão Azul da Casa. Pelo arranjo, deve caber ao PR a relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias que será encaminhada ao Congresso na próxima segunda-feira. Padilha na Câmara |