Meta de dez anos para o PIB terá baixa credibilidade
O Estado de S. Paulo – 07/11/2012 |
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Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, o governo pretende adotar uma meta de longo prazo para o Produto Interno Bruto (PIB) e para o PIB per capita, com o objetivo de estimular as empresas a realizar investimentos. A escolha de uma meta de longo prazo foi certamente a saída diante dos erros constantes das previsões do ministro da Fazenda sobre o PIB trimestral. A dúvida é se uma meta para cinco ou dez anos para o PIB terá maior credibilidade e levará as empresas a investirem proporcionalmente à previsão. A pretensão revelada pelo ministro do MDIC peca de início quanto a quem cabe, essencialmente, fazer investimentos. A maior responsabilidade nisso é do governo, para melhorar a infraestrutura no País. O setor privado reagirá, pois, em função dos programas do governo, que podem ser realizados em colaboração com o setor privado, seja sob a forma de concessões ou de Parceria Público-Privada. A adoção dessas fórmulas dá maior segurança à administração de grandes projetos. É preciso entender como o setor privado responde aos investimentos realizados pelo governo. Esses investimentos exigem, de modo geral, um prazo longo durante o qual são pagos salários e se adquirem materiais e equipamentos, antes que a obra contribua diretamente para o aumento do PIB. Mas é a partir do aumento da renda, que eleva imediatamente a demanda, que o setor privado reage e faz investimentos de curto prazo para atender a essa demanda. Não se deve, porém, minimizar as dificuldades que o governo encontrará para fixar uma meta para cinco ou dez anos para o PIB, e que seja aceita com credibilidade pelo setor privado. Em primeiro lugar, as empresas estão habituadas ao desrespeito, pelo governo, das metas, tanto da inflação quanto das contas fiscais. Reconquistar a confiança não é trabalho fácil. Mas é ainda mais delicado fixar uma meta como essa no clima ruim que o mundo globalizado atravessa hoje. O governo tem abusado ao atribuir dificuldade a essa situação, mas reconheçamos que ela tem alguma influência sobre a evolução de nossa economia. Hoje, nosso comércio internacional se encontra muito dependente dos preços das commodities, que dependem de variações do clima. Finalmente, até agora o governo exibiu muita incapacidade na administração de grandes projetos, assim como não conseguiu eliminar os obstáculos burocráticos que elevam os custos de investimentos públicos e privados. |