BC indica juro em 7,25% por tempo prolongado

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Autor(es): Cristiano Romero
Valor Econômico – 11/10/2012
 

O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) deixou claro que o ciclo de alívio monetário, iniciado em agosto, foi encerrado ontem. A partir de agora, a Selic deve ficar estacionada em 7,25% ao ano por um período “prolongado” de tempo.

“Considerando o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear”, diz o texto.

De acordo com o Valor Data, com essa redução, a taxa básica real (já descontada a inflação projetada em 12 meses) caiu para 1,66% ao ano, entre os menores da história do país.

O fim do ciclo monetário já era esperado. Na decisão anterior, no fim de agosto, o Copom sinalizou, no comunicado, que, se mexesse novamente nos juros, o faria com a “máxima parcimônia”. Como os cortes, desde agosto de 2011, vinham sendo de 0,5 ponto percentual em cada encontro do Comitê, a “máxima parcimônia” foi entendida como corte de 0,25 ponto.

Do comunicado de agosto até a quinta-feira passada, o mercado entendeu, em sua maioria, que o Copom manteria a Selic em 7,5% ao ano. Na semana passada, porém, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira, durante palestra na BM&FBovespa, mudou o sinal.

Em sua palestra, ele pintou um quadro negativo da economia mundial, comparou a situação das economias avançadas à do Japão pós-bolha – que jogou o país numa estagnação de mais de duas décadas – e previu que esses países registrariam “crescimento medíocre por um período mais prolongado do que originalmente se antecipava”.

Awazu indicou, em uma frase, que o Comitê faria mais um corte. “Dado o impulso acumulado já amplo e efetivo ao nosso crescimento, é importante ser capaz de calibrar o ponto mais favorável onde se maximize as chances de o nosso crescimento continuar a acelerar e minimizando os riscos para a nossa estabilidade monetária e financeira”, disse.

Nos dias seguintes, o mercado entendeu o recado e, por essa razão, migrou, por meio dos contratos futuros de juros, para expectativa de Selic a 7,25% ao ano.

O fato de a decisão não ter sido unânime indica que o Copom se preparava para encerrar o ciclo de corte. É uma prática do Comitê: quando as decisões deixam de ser unânimes, o passo seguinte é mudar o rumo monetário. Daqui em diante, a preocupação de quem acompanha o Copom é colher indicações sobre até quando a Selic será mantida em 7,25% ao ano.