Pessimismo com o PIB

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Autor(es): » VICTOR MARTINS

Correio Braziliense – 04/09/2012

 

 

O pessimismo tomou conta das projeções de crescimento para o Brasil neste ano. Depois do incremento de minguado 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, as previsões do mercado para o indicador desabaram. Segundo a pesquisa semanal feito pelo Banco Central, o boletim Focus, as estimativas para o avanço da atividade caíram de 1,73% para 1,64%. Foi o quinto recuo consecutivo. A tendência é de que as projeções migrem, já no próximo levantamento, para 1,5% ou menos.

Com isso, ganha força a possibilidade de mais um corte na taxa básica de juros (Selic) em outubro, na penúltima reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom). Especialistas alertam que a redução, se ocorrer, levará em conta a máxima parcimônia alardeada pelo BC. Ou seja, uma baixa de 0,25 ponto percentual, de 7,50% para 7,25% ao ano. A partir daí, os juros seriam congelados por longo período, já que a atividade demorará mais que o esperado pelo mercado e o desejado pelo governo para se recuperar.

O BC, no entender dos analistas, passou a indicar o fim do corte dos juros porque o custo de vida tem se tornado mais pesado para as famílias, apesar da forte desaceleração da economia. As projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano passaram de 5,19% para 5,20% e as de 2013, de 5,50% para 5,51%. Contudo, a inflação se tornou um fator secundário neste momento para a autoridade monetária, cuja prioridade passou a ser salvar o PIB. A visão da instituição ficará mais clara na quinta-feira, quando será divulgada a ata da última reunião da semana passada do Copom.

A dupla missão assumida pelo BC tem se mostrado complicada. Para especialistas, é difícil aliar, no Brasil, inflação baixa a crescimento forte, o que só seria possível com reformas estruturais. A cada trimestre, os gargalos vão diminuindo a possibilidade de termos um PIB acima de 1,5%, sentenciou Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil. As expectativas para o terceiro trimestre também não são otimistas. É mais provável que o crescimento anualizado ainda fique inferior ao potencial, ponderou Eduardo Velho, economista-chefe da Corretora Planner Prosper.