Comércio prevê 2014 fraco e teme protestos

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Autor(es): RODOLFO COSTA

Após ter crescido 4,1% no ano passado, desempenho que, segundo os lojistas, deve ser esquecido, o varejo inicia 2014 sem muito o que celebrar: a inadimplência está em alta — cresceu 2,33% em 2013 —, a inflação se mantém resistente, os juros apontam para cima e haverá vários dias de feriado por causa da Copa do Mundo. Com isso, a Confederação Brasileira de Dirigentes Lojistas (CNDL) prevê avanço de apenas 4% nas vendas.

“O mercado ainda está otimista, mas bem menos do que em relação aos últimos quatro anos”, afirmou a economista do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Luiza Rodrigues. Segundo ela, apesar de não se esperar um aumento do desemprego, a massa salarial crescerá menos ao longo de 2014, pois as empresas tenderão a dar reajustes menores aos trabalhadores. “Infelizmente, será um ano adverso para o comércio por conta de uma inflação ainda alta e dos juros elevados”, analisou.

Na avaliação de Luiza, se realmente o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central pesar mais a mão sobre os juros hoje, aumentando a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, e não em 0,25 ponto como se estimava há uma semana, os lojistas ficarão ainda mais reticentes. “A alta de juros pune os consumidores e dificulta a tomada de crédito. Todos passam a comprar menos. O certo seria o governo cortar gastos e conter a demanda sem prejudicar a população”, avaliou a economista, que torce para que a Selic passe de 10% para 10,25% nesta quarta-feira e se mantenha nesse nível até o fim do ano.

Desânimo
Segundo Luiza, fatores como a Copa do Mundo e as prováveis manifestações nas ruas durante o torneio também devem impactar negativamente o comércio. Para ela, assim como ocorreu durante a Copa das Confederações, em junho do ano passado, os protestos e os pontos facultativos em dias de jogos da Seleção Brasileira devem prejudicar as vendas. “Fora segmentos como bares e restaurantes, os shoppings e os centros comerciais devem fechar as portas mais cedo nas cidades sedes”, destacou.

Diante de tantas ressalvas, os lojistas acreditam que o varejo não dará a esperada ajuda para uma retomada mais forte da economia neste ano. “O ideal seria que a inflação estivesse mais baixa e que o Banco Central não precisasse aumentar os juros”, complementou a economista do SPC Brasil.