Governo espera fechar mais de US$ 3 bi em negócios durante a Copa do Mundo

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Entre os milhares de torcedores que acompanharão nos estádios os jogos daCopa do Mundo no Brasil, estarão 2,3 mil executivos e formadores de opinião estrangeiros de uma centena de países que terão tratamento VIP. Eles são convidados de honra de empresários brasileiros, por meio da Apex-Brasil, agência subordinada ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, cujo principal objetivo é “vender o Brasil”.

O grupo de 3 mil convidados – que inclui os brasileiros das 54 entidades setoriais filiadas à Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) – deve aproveitar o evento esportivo para estreitar os relacionamentos e fazer novas parcerias. Durante a Copa das Confederações, no ano passado, o volume de negócios fechados para os 12 meses seguintes alcançou a marca de US$ 3 bilhões entre exportações e investimentos estrangeiros diretos (IED), o chamado investimento produtivo. A Apex recebeu 903 empresários de 70 países distintos.

O diretor de Negócios da Apex, Ricardo Santana, disse aoEstado que a estimativa é que a ação de relacionamento e promoção comercial neste ano supere a marca da Copa das Confederações. Foram escolhidas seis cidades-sede para receber os estrangeiros: Brasília, Rio, Fortaleza, São Paulo e Belo Horizonte. Na agenda extra-campo, além de reuniões, estão programadas visitas a fábricas, canteiros de obras, fazendas e até mesmo supermercados, onde são produzidos e expostos os produtos e serviços brasileiros. “Quem faz negócio é CPF, e não CNPJ. Então essa aproximação entre empresários, tendo um evento marcante no meio, é central para consolidar e ampliar o comércio internacional brasileiro”, disse Santana.

A Apex-Brasil comprou da Fifa uma cota de patrocínio na categoria “national supporter” (apoiador local) no fim de 2012. Como contrapartida, além de ingressos e espaços nos estádios, está o uso da marca nas competições. Estima-se no mercado que anunciantes locais, como a Apex, tiveram que desembolsar algo em torno de R$ 15 milhões por ano para associar a marca à Copa – os patrocinadores mundiais desembolsaram pouco mais que o dobro dessa cifra. A agência estatal vai usar nos estádios e em campanhas institucionais a marca “Brasil Beyond Football” para mostrar que o País vai além de futebol. “Queremos mostrar um país cheio de oportunidades, inovador, forte parceiro comercial”, afirmou Santana.

Depois da ação na Copa das Confederações, a Apex fez uma pesquisa que mostrou uma melhora da percepção dos convidados estrangeiros sobre a qualidade dos produtos e serviços brasileiros, a criatividade empregada na produção e o profissionalismo dos empresários do País.

Exportações. A empresa de alimentos Bauducco vai trazer 92 convidados (52 via Apex) dos quatro continentes para os jogos da Copa. Hoje, a Bauducco exporta para 82 países cerca de US$ 40 milhões por ano. Entre os convidados, que respondem por 90% do volume de exportação da companhia, estão executivos do Chile, Paraguai, Uruguai, Peru, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Portugal, Espanha, África do Sul, Japão e Estados Unidos.

No ano passado três executivos da Dicasold (Uruguai) vieram assistir à final da Copa das Confederações, no Rio, a convite da Bauducco. De acordo com Edgar Matos, diretor de Exportação, houve incremento de 10% nos negócios com aquele país. Só a exportação de panetones para o Uruguai, carro-chefe da empresa, aumentou 17% em 2013 na comparação com o ano anterior. Antes do apito inicial da final entre as seleções do Brasil e Espanha, eles visitaram duas fábricas – em Guarulhos (SP) e em Extrema (MG) e fizeram um tour nos supermercados para mostrar a visibilidade da marca no Brasil. “O clima de informalidade estimula os negócios”, afirma Matos, que chegou a jogar pebolim com o executivo uruguaio na área VIP para os empresários no Maracanã.

Saúde. Já a Fanem, fabricante de equipamentos médicos e laboratoriais, deve trazer 28 convidados, de 13 países diferentes, para conhecer suas instalações no Brasil e, claro, acompanhar uma partida da Copa do Mundo. Virão empresários da Etiópia, África do Sul, Quênia, Holanda, Argentina, Uruguai, Colômbia e outros. “São três tipos de convidados: aqueles que são clientes novos; os parceiros tradicionais, com mais de 10 anos de relacionamento comercial conosco; e os ‘amigos dos nossos amigos’, quer dizer, os empresários que virão com nossos clientes, para se aproximar de nós”, disse Fernando Jacinto, trader da Fanem em São Paulo.

Responsável por nada menos que 85% do mercado nacional de equipamentos médicos, a Fanem obtém 35% de seu faturamento anual com exportações. Um grande comprador recente tem sido o continente africano. Em 2009 eram 7 países africanos que compravam as máquinas e equipamentos produzidos pela Fanem no Brasil. Hoje são 27 países na África, disse Jacinto. “Queremos crescer 10% em relação a 2013, e a estratégia da Copa do Mundo é central para isso”, disse o executivo.