Presidente da Assecor participa de evento sobre futuro das carreiras de Planejamento e Orçamento

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O presidente da Assecor, Marco Antônio de Oliveira, participou no Rio de Janeiro do evento “Nosso Futuro: carreira, modernização e integração”, promovido pela Associação dos Analistas de Planejamento e Orçamento da cidade do Rio de Janeiro (AAPO). A iniciativa reuniu profissionais das três esferas de governo e abriu espaço para uma reflexão coletiva sobre os rumos da carreira de APO e a modernização do Estado brasileiro. A abertura foi conduzida pelo presidente da AAPO, Nicolas Fernandez, que reforçou o papel dessa integração para fortalecer a atuação da categoria.

A programação iniciou com a apresentação de Jairo Gabriel, APO da União e ex-APO do município do Rio de Janeiro, que discutiu os impactos orçamentários da Lei Complementar nº 200/2023 e defendeu a necessidade de uma modernização estruturada do processo orçamentário. Ele destacou quatro pilares essenciais para essa transformação: orçamento orientado por desempenho, adoção de um horizonte de médio prazo, fortalecimento de agendas transversais e aperfeiçoamento da revisão de gastos. Para Jairo, a construção de um orçamento público moderno passa por tratá-lo como uma ferramenta estratégica de desenvolvimento, e não apenas como instrumento de controle.

Em seguida, Marco Antônio destacou a importância de reunir APOs das esferas federal, estadual e municipal em um mesmo espaço para debater o futuro da carreira, lembrando que se trata de uma estrutura ainda recente, criada em 1987, e cuja dimensão nacional sequer é conhecida com precisão. Ao tratar da Reforma Administrativa, reforçou a necessidade de qualificar o debate público sobre os custos do Estado, defendendo que a discussão deve se concentrar nos privilégios políticos, e não nos servidores que garantem a entrega de políticas essenciais. Também alertou para o impacto da desinformação e da falta de compreensão da sociedade sobre o papel estratégico da carreira. Para ele, “nenhuma nação do mundo se desenvolve sem planejamento; acreditar que o mercado fará tudo sozinho é desconhecer como os países que deram certo organizaram o Estado”.

Após o intervalo, Marco voltou como debatedor na mesa-redonda mediada por Ana Fialho e composta também por Misael Maia e Rafaela Gardi. O debate aprofundou o papel do APO como figura essencial na materialização das políticas públicas. Misael ressaltou que, muitas vezes, até altos gestores desconhecem completamente o trabalho realizado por esses profissionais, o que reforça a necessidade de fortalecer a presença institucional da carreira. Ele destacou que, na experiência municipal, a atuação técnica do APO costuma conquistar gestores após o primeiro contato prático. Para ele, “toda gestão pública de sucesso carrega a marca de um APO, mesmo quando o gestor ainda não sabe reconhecer isso”.

Rafaela trouxe a perspectiva da operação cotidiana e o desafio de transformar planos em entrega concreta. Ela observou que a ausência de normatização orçamentária nas secretarias ainda enfraquece o trabalho do APO na ponta e limita a consistência da implementação. Sua fala reforçou o papel essencial desses profissionais na conexão entre decisão e execução, afirmando que “o APO é quem transforma o plano de governo em ação concreta, é quem faz a política pública chegar à população”.

A mesa também debateu a importância de ampliar a integração nacional da categoria, valorizando o conhecimento acumulado pelos APOs municipais — onde as políticas ganham forma mais diretamente. Marco lembrou que a carreira possui a vantagem de estar permanentemente em diálogo com gestores responsáveis por decisões estratégicas, o que abre caminho para influenciar políticas e qualificar escolhas. Misael acrescentou que uma das maiores dificuldades é o afastamento do APO dos momentos decisórios, problema que precisa ser enfrentado para garantir políticas públicas mais sólidas e bem fundamentadas.

O evento encerrou com um debate focado nas experiências recentes da Prefeitura do Rio, incluindo a implementação de um novo sistema orçamentário, o uso de ferramentas de inteligência artificial e uma discussão sobre a Reforma Administrativa conduzida pelo deputado e secretário municipal de Administração, Marcelo Queiroz.