Por que e como valorizar o seu sindicato

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Questionamentos são válidos em qualquer área da vida humana, e frequentemente é sob as saraivadas de críticas e inquirições que determinadas coisas provam sua capacidade de sobreviver à passagem do tempo. Atacado em diversas frentes ao mesmo tempo há décadas, o sindicalismo oferece a comprovação deste argumento: tal como o samba, agoniza mas não morre.

“Alguém sempre te socorre, antes do suspiro derradeiro”, diz em relação ao samba a linda canção imortalizada por Nelson Sargento. Sim, alguém sempre socorre o samba, e o sindicalismo, por uma razão muito essencial ao próprio fenômeno humano. Nós não somos feitos para viver em isolamento.

Assim como as rodas de cantoria — sejam com o samba ou qualquer outro gênero da imensa música do nosso país —, os sindicatos se caracterizam por nos garantir espaços de convivência e compartilhamento político. Quantas vezes não experimentamos que, sozinhos, nossas lutas por direito e interesses legítimos é condenada ao fracasso? Tanto isso é verdade que, ao longo da história, nós seres humanos inventamos diferentes maneiras de nos organizarmos coletivamente para agir na política em função de nossos direitos e interesses legítimos.

Atacar ainda mais os sindicatos significa, na prática, atacar a nós mesmos como categorias profissionais, grupos sociais e até mesmo como indivíduos. Pois, sem a retaguarda de instituições de representação, trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo se vulnerabilizam a tal ponto que até sua saúde individual pode se prejudicar. Para não falar nas suas condições familiares, na deterioração de suas perspectivas de vida e tantos outros prejuízos.

Se não fosse assim, então por que mesmo nos Estados Unidos, uma terra onde a cultura política é tremendamente individualista, vêm ressurgindo movimentos sindicais? Ali, as novas experiências de organização coletiva de trabalhadores se dão precisamente na novíssima economia digital.

No Brasil, nossa tradição sindical sofreu inflexões nem sempre interessantes. Hoje, sindicatos são rejeitados por uma grande parte dos trabalhadores de setores privados. No setor público, muitos têm uma tendência de perceber os sindicatos como “clubes de vantagens”, por cujos convênios se poderia acessar serviços privados a menor preço. Embora isso seja uma realidade e, de fato, traga vantagens para as categorias representadas, não podemos aceitar que o sindicato se transforme nisso e nada mais.

Porque se for assim, quando chegar a hora de sofrer um ataque fulminante, um plano bem armado para desestabilizar a categoria e acabar com nossos direitos, com que estrutura nos defenderemos? A Assecor pretende ser um sindicato integral: queremos que a carreira de Planejamento e Orçamento conquiste e mantenha ainda mais respeitabilidade, institucionalidade, reconhecimento oficial e assim possa prestar seu grande serviço ao país.

Essa é a razão pela qual estimulamos os APOs a se pronunciar, participar e intervir na vida diária do sindicato. Não existe qualquer exigência de afiliação para isso. Mas nem por isso se pode subestimar a importância da filiação, pois um sindicato fortalecido e com a sua participação é do interesse de todos nós.